RESPM ABR_MAI_JUN 2017
abril/maio/junhode 2017| RevistadaESPM 87 Sonia — Ao longo dos dois últimos anos, nós detectamos cinco grandes tendências. A primeira é a compra com planejamento. O consumidor se programa mais para fazer as suas compras, diminui o número de vezes que vai ao supermercado e compra em quantidades maiores. Ele agora está comprando em multicanais e buscando novas oportunidades. O atacarejo e as lojas de proximidade são as grandes tendências. O segundo ponto é a relação custo-benefício. O consumidor identifica com mais clareza as diferentes situações de consumo. Quando ele pensa em um momento especial, compra uma cer- veja premium . Mas quando ele está em um fim de semana qualquer, compra a cerveja normal. Agora, ele faz mais esse tipo de escolha. Em momentos demaior renda é provável que ele opte mais por marcas premium , mas agora ele precisa fazer esse tipo de distin- ção. Nesse contexto, há a terceira tendência, de busca do premium aces- sível, um produto que ele avalia como de qualidade superior, mas dentro de uma faixa de preço que cabe no bolso nessemomento. Revista da ESPM — As duas últimas tendências seriam quais? Sonia — Há ummovimento crescente de busca por promoções, para garan- tir o acesso ao consumo. Por fim, há uma tendência grande pela saudabi- lidade e praticidade. Há uma busca pelo bem-estar, que não é exatamente para fazer dieta, mas consumir itens mais saudáveis e naturais. Emparale- lo a essa tendência vem a praticidade. Cada vez mais você tem o acesso da mulher ao mercado de trabalho e pre- cisa de soluções mais simples. O estu- do Kantar Futures aponta claramente que hoje as pessoas não têm mais tempo para muita coisa. O tempo se tornou um bemmuito importante. Os produtos que buscam oferecer essa praticidade estão encontrando boas oportunidades e se destacando no mercado. Revista da ESPM — Que tipo de pro- dutos? Sonia — Por exemplo, comidas conge- ladas e sobremesas prontas. Há tam- bém produtos embalados de acordo como tamanho da família. Hoje, você tem o pão de forma em embalagens menores. Limpadores para banheiro e específicos para fogão. Porque hou- ve uma diminuição da presença da empregada doméstica no domicílio — e também diante da nova lei — e a consumidora temde se virar compro- dutosmais dirigidos. Revista da ESPM — Nas pesquisas sobre alimentação é possível identifi- car uma contradição entre o produto pronto e essa busca pelo bem-estar e alimentos mais naturais? A expansão da classe média levou a um enorme crescimento do mercado de comida industrializada, que bate de frente com o conceito de produto fresco. O consu- midor consegue separar bem esses dois mundos? Sonia — É até por isso que estamos mudando a forma de classificação para o conceito de bem-estar. Con- gelados, por exemplo, é a busca do consumidor pelo prático. E a forma do preparo é como ele se relaciona com a saudabilidade, no caso de pro- dutos que vão ao forno. Existe uma tendência para produtos orgânicos, por exemplo, mas é pequena ainda. A tendência do diet e light também está mudando, com a procura de produtos como cereais. Em geral há, sim, uma preocupação do consumidor em ler mais o rótulo e ver a quantidade de açúcar, sódio e gordura trans, por exemplo, mas sem deixar de dar im- portância grande à praticidade. Revista da ESPM — Como é a sua visão da estrutura de classes sociais no Brasil, considerando não só renda, mas também o perfil comportamental? Sonia — Os perfis das classes A/B, C e D/E são muito próximos. Você tem mais sofisticação no consumo das classes de maior renda, mas a cesta de produtos em si muda muito pou- co. Em 2012, de todas as categorias com alta penetração, as classes A e B consomem 45 delas; a classe C, 42; e as classes D e E, 40. Depois de quatro anos não houve praticamente qual- quer alteração. Então, o que vai diferir é o tipo de produto. Categorias que não entravam nas classes de menor renda e que passaram a ser consu- midas continuaram a fazer parte da cesta dessa população. A mudança foi optar por marcas de menor preço Em2010, o ranking de gastos das famílias era liderado por habitação, transporte, alimentação e lazer. Hoje, o lazer foi para a décima posição, comaumento de gastos comsaúde
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