RESPM_JAN-FEV-MAR 2017
janeiro/fevereiro/marçode 2017| RevistadaESPM 13 Omundomudou. Mudou? Contrariando todas as previsões, DonaldTrump conquistouapresidênciados EstadosUnidos ao interpretar opensamentodamaioriados americanos. Infelizmente, nossomercadopublicitárioparece ter perdido essa capacidade interpretativa Por RobertoDuailibi P or que as ideias expostas por Donald Trump, de forma muitas vezes insana, acabaram conquis- tando o americano médio? Todo mundo acha que sabe tudode comunicação. Sob esse aspecto, pareceriamuitomais lógico apostar de véspera na vitória deHillary.Queremsaber:Trumpsoubeinterpretarmelhor omomento,soubecomohomemdemídiavisualizaropen- samentodaspessoasetransformarissoemdiscurso.Seele vaicumpriraspromessas,muitasdelasanacrônicas,issoé outro problema. Mas é de considerar que ele produziu um fenômeno emtermos de resultadoque contrariou todos os institutosdepesquisaeassombrouomundo. E esse tipo de coisa temacontecido todos os dias. Basta olhar comatençãoonoticiário.OBrexit tambémrepresen- touarupturadeummodeloeseuresultadomostracomoas pesquisas falharam. Quempoderiaprever? Issoquer dizer quetodapesquisaestáfadadaaserdesacreditadapelamídia, pelas agências de propaganda ou pelos homens demarke- ting na hora de definir seus orçamentos e dar os próximos passosnaconduçãodeumacampanha?Claroquenão,mas evidenciaqueelassãoapenasferramentas,frias,comoum martelo ou serrote para umcarpinteiro. A verdadeira arte final, o resultado do trabalho, está na habilidade de como usaressesutensíliosecombiná-loscomumaintuiçãogenial. Isso também está claro na história recente do Brasil. Todos davam como certa a brusca retomada da econo- mia, bastava para isso retirar a presidente do poder. Ela foi retirada, e a distância entre a teoria e os fatos passou a ser abissal. De novo, quer dizer que houve umerro com o “foraDilma”?Naminha avaliação, não, até porque sabe Deuscomoestaríamosnestemomentoseelacontinuasse no poder. Ela atrapalhava umbocado, mas também é de considerar que talvez se tenha subestimado o quadro político, o nível de contaminação da corrupção, a forma como se encontra a economia real do Brasil e domundo. Bem, usei todos esses exemplos para chegar ao nosso tema,queéaformacomoaspessoasestãosensíveisadeter- minadostiposdediscurso.Quandooprofessoremeuamigo FranciscoGraciosoescreveusobreasarenasdacomunica- ção, mostrando que, a despeito de a propaganda ainda ser pujanteeforte,havianocenárionovidadessurgindoatodo instanteeproduzindoresultadosinusitadosepositivos,ele talvez estivesse antecipando o que hoje vemos como fenô- menosdatecnologiaedamídia,quesãoasredessociaiseas váriasformasdesepromoveremprodutos,pessoas,serviços. Todomundo sabe que você pode analisar formatos para anunciar e tornar popular umsabonete ou umcandidato. Claroqueaformadeconduçãodeumououtroprodutoserá diferente,maséprecisolevaremcontaqueasferramentas, ojeitodeatingiropúblicoeospontosdecontatodecadaum terãomaisoumenososmesmosrituais.Hoje,bastaumafrase benfeita, uma atitude bemposta, para se viralizar, ou “cau- sar”, como dizemos jovens noWhatsApp ou no Facebook, ouaindanoSnapchat. Umtestemunhaldeum youtuber ,nestemomento,depen- dendodoseunúmerodeseguidores,podesermaisrelevante queanunciarmilhõesnumarededecomunicação,emgran- desjornais.Tudovaidependerdoquesequeratingir,doque sepretende. Chegamosaopontoemqueanotíciachegapri- meiro pelas redes sociaismuitas das vezes, para só depois surgircomomancheteemsitesdenotícia.NãoàtoaGooglee Facebooksetornaram,emfaturamento,asmaioresempresas decomunicaçãodoplaneta,deixandoparatrásíconescujas reputaçõesetrajetóriasjamaispermitiriamessasprevisões. Maisque isso, nomescomrenomeestãohojeàsvoltascom prejuízosacumuladosepatrimôniosdentrodeummodelo denegócioquenão interessamais, comvistas, quemsabe, adefinhar, acabar simplesmente.
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