RESPM_JAN-FEV-MAR 2017

janeiro/fevereiro/marçode 2017| RevistadaESPM 59 Revista da ESPM — Um estudo do IBGE diz que, na área de serviços, os empregos em agência de propaganda figuram entre os que pagam piores salá- rios e apresentammaior rotatividade. O que lhe parece essa constatação? Sampaio — O mesmo ocorre nos Estados Unidos, onde acabaram de fazer um estudo que apontou uma grande quantidade de publicitários em Nova York trabalhando em um segundo emprego para manter a ren- da, porque os salários caíram muito. Hoje, o maior desafio das agências americanas é conseguir atrair e reter talentos. A economia criativa e as startups estão roubando esses talentos que a nossa indústria não está mais conseguindo pagar. Isso, a médio prazo não será benéfico para o anunciante, que não poderá mais contar com gente de qualidade para revolucionar suas marcas. Aqui, o panorama é parecido. Precisamos resgatar o sex appeal da propaganda e parar de negociar preço em plani- lha de Excel. Vivemos um momento no qual a publicidade nunca foi tão importante para as marcas e as agên- cias nunca foram tão importantes para os anunciantes. Agora, estou finalizando um livro sobre o futuro da propaganda, a partir de uma série de artigos que publiquei na Revista do Cenp . Nessa obra, eu abordo to- dos esses pontos. Existe um grande perigo de os anunciantes buscarem soluções baratas para os serviços de publicidade, e das agências tentarem segurar sua rentabilidade fazendo apenas uma rotina medíocre para seus clientes. Talvez seja o momen- to de o setor das agências dedicar maior atenção, tempo e recursos para repensar a forma pela qual tra- dicionalmente esteve estruturado, que pouco mudou na sua essência e forma, em muitas décadas. Anti- gamente, o espetáculo publicitário era feito em um teatro com dois ou três atores, o que era suficiente para entreter o consumidor. Hoje, o con- sumidor quer algo mais sofisticado, como um musical da Broadway ou uma ópera do Metropolitan. Para isso, você precisa ter muitos talentos de várias especialidades. Mas, ao brigar por preço, não estamos nos dando o devido respeito. A indústria precisa se reinventar e adotar um discurso único. Para se destacar, é preciso ter talento e criatividade! divulgação ThinkDifferent,de1997,associouaAppleapersonalidadesquefizeramhistóriapor pensardiferente,comoNelsonMandela,AlbertEinsteineDalaiLama