RESPM_JAN-FEV-MAR 2017
janeiro/fevereiro/marçode 2017| RevistadaESPM 81 Odesafioagoraécomo GoliasvaivencerDavi Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação C hegando perto dos 60 anos, o publicitário Nizan Guanaes parece exibir a mesma vitalidade e velocidade de raciocínio do início da carreira, hámais de três décadas. Um dos redatores e diretores de criação mais premiados da propaganda brasileira, Guanaes entrou para o time dos grandes empre- sários do país como fundador do ABC, o maior grupo de publicidade de capital nacio- nal até o fimde 2015, quando foi incorporado ao gigante global Omnicom. Além do retorno financeiro para ele e seus sócios, o publicitário destaca que o objetivo por trás da venda foi garantir fôlego de capital para a expansão do ABC nos próximos anos, com um perfil muito diferente do passado. “Vamos investir em pelo menos 20 startups de comunicação que sejam capazes de fazer o que não pudemos ou o que nem foi pensado ainda”, diz Guanaes. Para ele, o surgimento de empresas tão disruptivas quanto Uber e Airbnb demonstram uma inversão radical da manei- ra de pensar os negócios. “O desafio agora é como Golias vai vencer Davi.” Atento às tendências, Guanaes acredita que as possibilidades abertas pelo marketing de dados têm potencial para provocar uma reviravolta na forma de criar marcas e produtos. Ele cita como caso emblemático a campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que soube interpretar por meio dos números as expectativas de eleitores em quantidade suficiente para ganhar a eleição. “No fu- turo teremos marcas ‘Trump’: você ama ou odeia de morte, mas elas vão dizer algo muito forte para um público muito bem definido.” No campo institucional, o publicitário está preocupado com questões da indús- tria da comunicação que, segundo ele, precisam ser postas à mesa. Entre elas, redis- cutir a “beatificação” dos anunciantes, a “demonização” das agências e o enfraque- cimento da chamada mídia tradicional. Entre os temas urgentes, Guanaes aponta para a “epidemia de notícias falsas” que são veiculadas impunemente pelas mídias sociais, muitas vezes remuneradas com publicidade. “O Facebook é uma empresa extraordinária, mas precisa ser chamado para a sua responsabilidade.”
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