RESPM JUL_AGO_SET 2017
julho/agosto/setembrode 2017| RevistadaESPM 47 OBrasil precisa saber oquequer ser Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação T udo indica que a crise política deverá se arrastar até as eleições do ano que vem, o que irá manter em suspenso por mais algum tempo a retomada das relações exteriores como uma das prioridades do Estado brasileiro. O país precisa encarar o desafio de se recompor no cenário externo em um momento particularmente turbulento da globalização. Com Donald Trump na Casa Branca, o Brexit na Inglaterra, o esfacelamento do chavismo na América Latina e o avanço irrefreável da China, existemmuito mais dúvidas do que certezas em relação aos caminhos que o Brasil poderá tomar em sua política exterior. Para Rubens Barbosa, embaixador do Brasil nos Estados Unidos entre 1999 e 2004, a campanha eleitoral do ano que vem pode ser a melhor oportunidade dos últimos anos para que a política exterior volte a ganhar importância na agenda política e eco- nômica do país. Otimista com a eleição de Emmanuel Macron na França, ele destaca que os próximos passos dados pelos franceses devem ser acompanhados muito de perto pelos brasileiros. “Tudo o que ele propõe para a França são as mesmas reformas que precisamos no Brasil: da previdência, trabalhista e tributária, para recuperar a competitividade perdida”, afirma Barbosa. Observador atento do Mercosul, ele aponta que o bloco saiu da paralisia com os novos governos no Brasil e na Argentina. “Agora, o Brasil precisa aproveitar esse momento para assumir, de fato e com propostas de desenvolvimento, o papel de lide- rança latino-americana.” À frente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), fundado por ele no início do ano passado, Barbosa quer fomentar um debate público e privado sobre a política exterior, passando por questões de defesa, direitos humanos e comércio. Na pauta de encontros e debates, o ex-embaixador chama a atenção para a nova agenda que não pode ser mais adiada. “O modelo de política industrial que tivemos nos últimos 50 anos se esgotou. Precisamos discutir o que colocar no lugar, não levando em conta o que está acontecendo no Brasil, mas em todo o mundo.”
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