RESPM JUL_AGO_SET 2017

Posicionamento Revista da ESPM | julho/agosto/setembrode 2017 62 E m2015, ocientistapolíticoeprofessor daNatio- nal Defense University chinesa, Liu Yazhou, lançou O sonho da China ( The China Dream ), livro que viria a influenciar — emuito — o pen- samento político do presidente Xi Jinping. Nele, Liu, militar aposentado do Exército de Liberta- ção Popular, afirma que “o sonho da China, há mais de um século, tem sido o de tornar-se a nação líder do pla- neta... Mas o que representa para a China tornar-se a nação líder do mundo? Primeiramente, significa que a economia da China liderará o mundo... À medida que a China atinge o status de grande poder ( a great power ) no século 21, seu objetivo não é menor que o de ser o líder da economia mundial moderna”. Emvários de seus discursos, Xi repete este sintagma: o China Dream já se tornou, para ele, um “mantra”. E vai além da retórica: seu governo desenvolve uma série de ações concatenadas que revelamo empenho emapagar damemória do país — e domundo—o “século de humilha- ções” − o século 19 −, quando, nos estertores da dinastia Qing, o império chinês viu-se invadido e espoliado pelas potências estrangeiras − leia-se a Inglaterra, principal- mente — que lhe “impuseram” o consumo do ópio como únicomeio de contrabalançar a balança comercial defi- citária para os ingleses. Esta foi a raiz das duas Guerras doÓpio (1839-1842 e 1856-1860), que a descontente coroa britânica promoveu contra a corte de Pequim. Comessepropósito, ogovernochinêsdeu inícioavários projetos, emmuitas direções. Um deles foi a criação do BancoAsiáticode InvestimentosemInfraestrutura (Asian Infrastructure Investment Bank/AIIB), que já conta coma adesão de vários países. Oque é esse banco? A resposta é simplesedireta:umaformadeaRepúblicaPopularampliar suapresençafinanceiraemtodoomundoe, amparadanos trilhões de dólares de reservas cambiais que acumulou durante décadas, buscar, pormeio de generosos suportes de capital, dominar o comércio global. Recordemo-nos de que, emtermosdeparidadedepoder decompra, aChina já se tornou a primeira potênciamundial, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Fonte: TheWall Street Journal As novas rotas da seda