RESPM JUL_AGO_SET 2017
julho/agosto/setembrode 2017| RevistadaESPM 67 mútuos benefícios; harmonia e inclusão, ou seja, respeito às diversidades e especificidades das culturas; reconhe- cimento da importância do mercado e do papel que os governos devemdesempenhar como facilitadores de um processo transparente e não discriminatório de trocas; equilíbrio e sustentabilidade dos projetos, observando- se os compromissos ambientais e o progresso social. Os foros multilaterais, tantomundiais quanto regio- nais, tampouco foramesquecidos. O comunicadomen- ciona especificamente as oportunidades que advirão da coordenação com as organizações internacionais e regionais, na busca de harmonizar as agendas sobre temas como desenvolvimento sustentável, conectivi- dade da internet, ligações marítimas e aéreas, regimes alfandegários e facilitação de comércio, por exemplo. Dentre os organismos e foros mencionados especifica- mente nodocumento, constamaAssociaçãodasNações do Sudeste Asiático (Asean); a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês); e a Cooperação Econômica de Xangai (OCX, na sigla em inglês). Dentre as globais, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus- tentável, daONU; oAcordo de Paris sobre aMudança do Clima; e o Acordo de Facilitação do Comércio da Orga- nizaçãoMundial do Comércio (OMC). Entendem os chineses que essa é uma win-win situa- tion para os envolvidos na iniciativa e, para viabilizá-la, o próprio Xi comprometeu-se desde já a injetar, como mínimo, US$ 113 bilhões no projeto. E este é apenas o primeiro de uma série de encontros similares planeja- dos pelos chineses, que já anunciaram, como follow up , uma cúpulamais abrangente — e ambiciosa — para 2019, visando a “uma grande estratégia para a globalização”! Tal compromisso revelaqueaChinadeXi aproxima-sedo “modelo ocidental” e se compromete comamundializa- ção das economias, nomomentomesmo emqueDonald Trump ameaça levar os Estados Unidos à “introversão”. Sinaldostempos,ondeseencaixarão,desteladodoPacífico, osdoisoutrosmembrosdaParceriaTranspacífico—Canadá eMéxico—,tambémenvolvidosnumoutroquestionamento dopresidentenorte-americano,ofuturodoNorthAmerica FreeTradeAgreement(Nafta)? Seriameles“abandonados” por todos? E que China do século 21 é esta? Pós-maoísta? Pós-industrial? Globaliza(da)ante? E defensora do meio ambiente, na busca de reverter o estigma de “maior polui- dor doplaneta”?E, agora, amolapropulsorada recomposi- çãodomaisimportantetrajetocomercialdahumanidade? Seriaesteo“séculodaChina/Ásia”,comoalardeiammuitos analistas?Teriaela“cacife”paralideraroprocessodetrans- ferênciadoeixogeoeconômicodoAtlânticoparaoPacífico? Seráqueamericanos, europeus e russos estariamprepara- dos—oudispostos—a conviver comuma “pós-hegemonia” políticamundial e uma hegemonia econômica comparti- lhada?SeráqueosvizinhosregionaisdaRepúblicaPopular, quedisputamcomelaasoberaniasobreas ilhasdoMardo Sul da China, vão ceder-lhe o espaço que ela reivindica? E osindianos,crescentementepoderosos,conviveriamcom umaconcorrentepela liderançadoseupróprio “quintal”? Os desafios da esfinge Para tentar concretizar oChinaDreamde Xi de tornar-se amolamotorado crescimentodoplaneta, aChina temde vencerenormesdesafios.Semapretensãodeserexaustivo, podem-seenumerar algunsdeles.Oprimeiroéo tamanho dasuapopulaçãoeanecessidadedealimentarosseuscerca de1,38bilhãodehabitantes.Ostraumasdeixadospelahis- tóriamoderna,sobretudoodoGrandeSaltoAdiante,deMao Zedong, nofimdadécadade1950, na tentativadeacelerar de formaaçodada (atabalhoada, paraalguns) a industriali- zação do país, resultando namorte, por fome, de cerca de 30milhões de pessoas, é imagemrecorrente namemória popular. Ante uma geografia ingrata, precaver-se desta shutterstock
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