RESPM JUL_AGO_SET 2017

julho/agosto/setembrode 2017| RevistadaESPM 69 Esta é a pergunta que não quer se calar: e onde nós, brasileiros, nos inseriremosneste cenário? Comodeverá — ou poderá — atuar o Brasil nele? Devemos nos juntar à Nova Rota da Seda, ou permanecermos tão somente vinculados ao mundo atlântico? E será que a China, nosso principal parceiro comer- cial, e parceira tambémnos BRICs, consciente do espaço ampliadoquea retraçãonorte-americanapoderáabrir-lhe no cenáriomundial, continuará a nos “cortejar” e a apos- tarna “parceriaestratégica” queelapróprianospropôsem 1993, quando aindanão era aChina de hoje?Ou será que, consciente da sua nova dimensão internacional, ela nos relegaria a uma relação mais protocolar que realmente empenhada?Ou seja, será que “perdemos” a China? Em assimnão sendo, como ouso pensar, continuará o perfil do nosso comércio bilateral a ser o de commodi- ties brasileiras versus produtos industriais chineses, de maior valor agregado? Vamos continuar a buscar abrigo apenas nas “vantagens comparativas” que o nosso solo e a nossa (excelente) tecnologia agropecuária nos brin- dam? Ou seja, vamos optar por sermos o “celeiro” da China? Nada, mas nada contra mesmo, até porque a pesquisa agrícola embute muita tecnologia de ponta... Mas isto basta? Qual seria o nosso lugar naNova Rota da Seda? Pergunta de difícil resposta, àmedida que opro- cessodeglobalizaçãoavançaenosdesafiaa reavaliarmos onossopapeleanossainserçãonomundoque“jáchegou”, e sobre o qual ainda nãonos demos totalmente conta. Para muitos, entre os quais me incluo, o sonho de Xi Jinping é uma “janela de oportunidades” que merece atenção, exige reflexão, estratégia — e audácia: a de nos voltarmos para o futuro, que se consolida. Excessivamente ambicioso... ou factível? Fausto Godoy Diplomata, professor no curso de relações internacionais da ESPM e coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos. Iniciou sua carreira no Itamaraty em 1976 e serviu em quinze postos brasileiros no exterior, doze dos quais nos países asiáticos. Atuou na Índia, na China, no Japão, no Paquistão e no Afeganistão, onde foi embaixador Apolítica de ”umsó filho por família” criouumvácuo entre as gerações, penalizando amais jovem, que terá de arcar como ônus de prover suporte para osmais velhos shutterstock

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