RESPM JUL_AGO_SET 2017
entrevista | Décio da Silva Revista da ESPM | julho/agosto/setembrode 2017 88 global trouxe um ganho real para a companhia? Silva — Há 35 anos, fomos chamados para uma reunião com os canaden- ses, que queriam desenvolver uma linha de motores mais eficientes. Com o objetivo de disseminar a nova tecnologia, o governo do Canadá de- cidiu pagar um incentivo tanto para o fabricante quanto para o cliente que apostaram na nova tecnologia. Já o mercado contou com uma fase de transição de cinco anos para se adaptar. Depois disso, as empresas que não se adequaram ao novo siste- ma não puderam mais exportar seus produtos para aquele país. Por conta dessas exigências, nós já produzía- mos um motor com 96% de eficiência energética muito antes de o mercado nacional se preocupar com essa ques- tão. Este exemplo mostra que desde a década de 1970 estamos submetidos às tendências e inovações presentes nos países de Primeiro Mundo. Atu- amos como um jogador de basquete, que treina comum cinturão de chum- bo e na partida oficial tira o cinturão para pularmuitomais alto. Revista da ESPM — Atualmente, cerca de 60% da receita da WEG vem do exterior. Considerando que a com- panhia continua adquirindo fábricas e abrindo escritórios lá fora, quais são as possibilidades de expansão dessas vendas no médio prazo? Silva — Grande parte dos 25 maiores países do mundo conta com uma filial da WEG, que comercializa uma solução completa de energia. Nosso plano é crescer continua- mente tanto emmercados nos quais já estamos presentes quanto em países em que ainda não entramos. Sempre analisamos todas as opor- tunidades que surgem no mundo em duas frentes: produtos novos para setores nos quais já estamos presentes e abertura de novos mer- cados. Em 2007, por exemplo, ins- talamos um representante na Ásia, que culminou na compra de nossa primeira fábrica na China, em 2010. Dois anos depois, compramos uma fábrica na Índia e com isso fincamos nossa bandeira nos dois mercados que mais crescem no mundo. Hoje, estamos em cem países e posso as- segurar que podemos crescer ainda mais! Temos clientes globais e se quisermos oferecer a eles nossas so- luções, também precisamos ter uma presença global. Revista da ESPM — A aquisição da fábrica americana de turbinas eóli- cas Northern Power Systems (NPS) e da multinacional brasileira TGM fa- zem parte deste plano de expansão? Silva — Com a NPS, nós firmamos uma parceria tecnológica em 2013 para introduzir as soluções de turbi- nas eólicas permanent magnet direct drive no mercado sul-americano. Ago- ra, decidimos avançar e dar esse pas- so fundamental na nossa estratégia de crescimento e internacionalização do negócio de energia eólica. A aqui- sição, além de nos trazer uma equipe de engenharia muito experiente, nos permitiu tambémacelerar o desenvol- vimento de novas gerações de turbi- nas eólicas. Já a TGM é líder brasileira no fornecimento de soluções e equipa- mentos para acionamentos de gerado- res de energia elétrica, com foco em energia renovável em termelétrica. Com eles, as negociações foram con- cluídas em dezembro de 2016 e estão sujeitas ainda ao cumprimento de de- terminadas condições e à obtenção da aprovação das autoridades de prote- ção à concorrência, oCade. Após apro- vada, essa aquisição irá possibilitar à WEG apresentar soluções completas na área de geração de energia térmica. Revista da ESPM — É possível afir- mar que a WEG conseguiria aumen- tar suas exportações se o Brasil tivesse uma política comercial mais agressi- va, a partir de acordos bilaterais e de outras formas de estímulo às vendas? Silva — Acordos são sempre bem- vindos, mas eles precisam ser feitos com os principais países do mundo e não apenas com o Mercosul. O problema é que o Brasil tem uma pequena base de empresas indus- triais manufatureiras que exportam. Precisamos exportar mais. Isso é fundamental para o crescimento do país, que é muito competitivo em commodities, mas pouco atuante em outros setores. Possuímos poucas ilhas de excelência, como a Embraer. Isso acontece porque o empresário Ogovernoprecisanegociar acordos com mais países, estabelecer umambiente favorável aos negócios, ter uma carga tributária isonômica e umcustofinanceiro compatível
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