RESPM JUL_AGO_SET 2017
Investimento Revista da ESPM | julho/agosto/setembrode 2017 98 pobre que o Brasil e estava à beira de uma guerra civil, hoje temumPIB per capita duas vezesmaior que o brasi- leiro e a sua distribuição de renda temuma disparidade bemmenor do que a nossa, como aponta umranking de 2014, da The Economist . Ao mesmo tempo, a Coreia do Sul ocupa a quinta posição do ranking Doing Business (doWorld Bank, 2017), à frente de países como Estados Unidos e Inglaterra, enquantooBrasil ocupa aposiçãode número 123, atrás de países como Colômbia (que ocupa a 53ª posição), seguida de Peru (54ª), Chile (57ª), Costa Rica (62ª), China (78ª), Paraguai (106ª) eArgentina (116ª). Nãohámágica, pílulamilagrosaoupanaceiaparaatrair investidores. Se, por um lado, pode haver divergência entre a causa e o efeito na relação avanço econômico e investimento estrangeiro, por outro, parece haver con- senso sobre os itens e as etapas que configuram condi- ção sine qua non para desenvolvimento de qualquer país democrático de direito. Para ter um norte e entender o que é preciso fazer para estruturar o país de forma a deixá-lomais atrativo para investidores estrangeiros, basta olhar para os itens elencados pelas pesquisas realizadas porUnctadeWorld Bank. Entre as necessidades apontadas estão: oferta de trabalho especializado, qualidade da infraestrutura, tamanho domercado, crescimento domercado; acesso a recursos naturais; acesso amercados internacionais; acesso à eletricidade; registro de propriedade; e exigi- bilidade dos contratos — como indica Izabela Ferreira Serra em sua tese Influência do investimento estrangeiro direto na economia brasileira: uma análise por setores da economia , publicada em 2010. Se destrincharmos cada umdos itens elencados, fica fácil fazer uma avaliação qualitativa. Sem a intenção de ser exaustivo ou abrangente, o uso de alguns dos itens ilustra bem os extremos do Brasil. Por exem- plo: o tamanho do mercado brasileiro é e continuará sendo relevante — tanto pelo tamanho, quanto pelo potencial. Para colocar em perspectiva o mercado existente e a demanda potencial, basta imaginar que os 82milhões de habitantes da Alemanha (equivalente a 40% da população brasileira) ocupam uma área do tamanho do Estado de São Paulo. Ou seja, temos hoje uma população de tamanho relevante com potencial e área ociosa para se expandir sobremaneira. Entre- tanto, ao contrário da Alemanha e seus 250 dialetos, o Brasil apresenta um território com linguagem unifi- cada e sem dialetos, tornando os investimentos mais fáceis dada a maior homogeneidade cultural refletida na língua e na sua cultura. Por outro lado, quando se analisamestudos referentes à eficiência aduaneira, produtividade dos trabalhadores medida emdólares constantes e custos de demissão, por exemplo, fica clara a frágil posição do Brasil em relação a seus competidores. Enquanto os custos de demissão na Rússia equivalem a 17 semanas, a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 35 semanas, como aponta o estudo A future global economy to be built by BRICs , por Hui Fang Cheng, Margarida Gutierrez, Arvind Maha- jan, Yochanan Shachmurove eManychehr Shahrokhi. O levantamento, publicado no Global Finance Journal , em 2007, revela ainda que no Brasil os mesmos custos de demissão totalizam 165 semanas. shutterstock Em1974, Edmar Bacha chamouoBrasil deBelíndia, uma ilha de prosperidade emmeio a ummar de pobreza
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