Revista da ESPM

ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018| REVISTADAESPM 11 Narotadatransformação Por Alexandre Teixeira Foto: Divulgação R onaldo Fragoso, líder de market development da Deloitte, a maior empresa de auditoria e consultoria do mundo, foi o responsável no Brasil pelo estu- do Indústria 4.0: você está preparado? . Ele mesmo apresentou os resultados do levantamento em um painel durante o Fórum Econômico Mundial da América Latina, realizado emmarço, em São Paulo. Para essa pesquisa, a Deloitte entrevistou mais de 1,6 mil executivos de 19 países — incluindo 102 do Brasil —, com o objetivo de avaliar se eles estão prontos para utilizar todo o potencial da Indústria 4.0. A resposta predominante é “não”. Apenas um terço dos executivos (e 14% das companhias que representam) se considera pronto para en- frentar as mudanças à frente. Para Fragoso, que trabalha na Deloitte desde 2001 e hoje é sócio da companhia, o que define a Indústria 4.0 é a integração dos mundos físico e digital. A própria pesquisa de- monstra que esse conceito ultrapassa os limites do universo industrial. “Afeta a relação entre clientes, fornecedores e cadeia de suprimentos”, afirma ele. “Esse modelo mais conectado pressupõe que você use o conceito de plataforma de produtos e serviços (aberta também para terceiros).” Segundo Fragoso, vai haver espaço para startups e gigantes conviverem. Muitas empresas falam há tempos em digitalização. “Mas poucas delas estão real- mente preparadas para todas as mudanças que a Indústria 4.0 traz”, pondera ele. Nada sugere que o executivo brasileiro esteja mais apto a lidar com a transformação que seus pares no exterior. Contudo, 90% dos profissionais locais preveem que os impactos da 4ª Revolução Industrial serão predominantemente positivos para as companhias e para a sociedade como um todo. “Somos mais otimistas”, diz Fragoso. A dúvida é se desta vez o país será capaz de trans- formar boa vontade emrealização, coma carência crônica de infraestrutura agora associa- da a três anos de recessão. “Nossa capacidade de investimento está muito limitada”, nota ele. “Temos bons empreendedores, pessoas com capacidade de criação e de investimento, ummercadomuito amplo,mas temos de conectar isso amelhores políticas de investimen- to em infraestrutura. Não adianta cada um, heroicamente, achar que vai fazer a sua parte.”

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