Revista da ESPM

MARKETING REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 110 apropriado por essa rede social para fins comerciais. Quando o usuário se vê obrigado a aceitar essa política de privacidade para poder acessar tal rede social, caímos em uma certa ética do tudo ou nada. Uma ética assim, tolhida de liberdade, é qualquer coisa, menos uma ética aceitável e condizente com valores humanistas e afim aos direitos humanos fundamentais. Os desafios da publicidade 4.0 Opesquisador da ESPMAndré Rodarte, financiado pela Fapesp, realizou com o apoio do Grupo de Pesquisa em Comunicação,ConsumoeÉtica (GPECC/CNPq-ESPM-SP) uma interessante investigação comdiretores demarke- ting digital. Entrevistou 13 profissionais de renome, indagando-os sobre quais seriam os limites morais do Data-Drive Marketing Advertising (DDMA). Sob condição de anonimato, reuniu mais de cem horas de depoimentos e um arcabouço interessantíssimo. Sin- tetizando os resultados, ficou patente que o mercado tem enorme clareza da existência de um marco legal, ainda que incompleto, mas pouco ou nenhum entendi- mento das questões éticas subjacentes. Nesse sentido, esvai-se —muitas vezes por puro desconhecimento — da responsabilidademoral pelaproteçãodedados pessoais, ignorando as práticas, nemsempre éticas, de vigilância que sustentamo DDMA. Ainda que ajustada ao direito, trata-se de uma questão a ser enfrentada pela indús- tria: como podemos trabalhar o DDMA sem ferir etica- mente o consumidor? Como pesquisador, não saberia dar uma resposta certeira a esta pergunta. No entanto, não são poucas as pesquisas que afiançam que o “con- sentimento livre e esclarecido” definitivamente não é uma solução aceitável. E aí desembocamos emuma questão imprescindível para encalçar os desafios e problemas éticos que a 4ª Revolução Industrial apresenta. Se queremos estabele- cer parâmetrosmoraismínimos que diminuamas incer- tezas no cenário “4.0”, mais do que tentar mediar entre otimistas ou pessimistas, devemos resgatar a política do fosso de descrédito emque atualmente se encontra. É por meio dela que poderemos acordar osmínimos limi- tes éticos aceitáveis para este admirável mundo novo. Luiz Peres-Neto Doutor e mestre pela Universidad Autónoma de Barcelona, professor do PPGCOM ESPM-SP, líder do Grupo de Pesquisa em Ética, Comunicação e Consumo – ESPM/CNPq e coordenador do Observatório “Ética de Bolso” (eticadebolso.com.br) do PPGCOM-ESPM-SP shutterstock Osmalefícios de umcarro autônomo ouda inteligência artificial que permite a criação de sofisticados mecanismos demarketing superamos benefícios