Revista da ESPM
ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018| REVISTADAESPM 13 uma dessas revoluções que de fato mudam alguns paradigmas impor- tantes. Por isso fizemos esse estudo. Revista da ESPM — Qual é a princi- pal conclusão do estudo? Fragoso — Duas conclusões são bem relevantes e mostram a opor- tunidade que existe para todos nós, pessoas e empresas. Primeira: só um terço dos executivos se consi- dera preparado para a mudança no mundo. Ou seja, 77% dos executivos precisam ser preparados para este novo contexto. A outra conclusão é de que apenas 14% das empresas estão na rota da transformação. Várias companhias estão falando sobre digitalização há alguns anos, mas poucas delas estão realmente preparadas para todas as mudanças que a Indústria 4.0 exige. Revista da ESPM — Se virarmos de cabeça para baixo o que você está dizendo, dois terços de todos os pro- fissionais e 86% de todas as empresas precisam se engajar na corrida para se preparar. E aqui no Brasil? Estamos em linha com o mundo? Fragoso — O primeiro diferencial que aparece bastante destacado é que nós ainda não fazemos uso da tecnologia para melhoria de eficiência: relação custo por produto, custo por serviço e coisas dessa natureza. Para os bra- sileiros, a tecnologia ainda tem um apelo muito estratégico, de mudança conceitual da empresa e não de ganho de eficiência. Por exemplo, o uso de robótica em determinados processos repetitivos já está num nível muito mais avançado lá fora do que aqui. Revista da ESPM — Uma diferença que chama a atenção é o fato de que os executivos brasileiros estão mais preocupados com riscos cibernéticos do que a média dos executivos globais. O que isso quer dizer? Será que nossas empresas estão defasadas em termos de proteção de dados? Fragoso — É verdade, 37% dos executi- vos entrevistados no Brasil entendem que o risco cibernético vai ser maior do que é atualmente, ante 24% lá fora. Aqui, provavelmente, até por umcerto nível de desconhecimento, a percep- ção de risco é maior. Uma primeira lei- tura é a de que, lá fora, as empresas já vêm se preparandomelhor. A segunda é que ainda não estamos tão expostos. Como no exterior esse processo de automação já temmais tempo, o risco de um eventual ataque cibernético já é quase parte do dia a dia. Na verdade, o nível de preocupação com o que vai mudar nos próprios negócios é maior no Brasil. Nossos entrevistados dizem que quase metade daquilo que eles fazem vai mudar. É um pouco maior do que o número global, porque lá fora eles já estão se preparando. Um dado interessante sobre o Brasil é que nós somos mais otimistas. Mais de 90% dos executivos no Brasil acham que a Indústria 4.0 vai trazer benefícios para a sociedade, para as pessoas e para as empresas. Revista da ESPM — Os brasileiros acreditam mais do que a média global na manutenção dos contratos em tempo integral e na sobrevivência das atuais leis trabalhistas. O que explica isso? Fragoso — Lá fora, eles já estão cami- nhando para o compartilhamento de profissionais. Você vai poder trabalhar Amazon Go, o supermercado do futuro, onde o consumidor seleciona seus produtos, coloca na sacola e, ao sair da loja, a compra é automaticamente debitada emseu cartão shutterstock
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx