Revista da ESPM

ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018| REVISTADAESPM 15 Revista da ESPM — Quem ganha e quem perde... Fragoso — Acredito hoje que vai ha- ver espaço para startups e gigantes conviverem. O grande varejista vai permanecer. Grandes conglome- rados internacionais investindo cada vez mais. Mas já tem novas empresas de tecnologia entrando no varejo. Mesmo esses gigantes não vão atender a todas as demandas do consumidor. Por exemplo, um siste- ma de pagamento mobile. Revista da ESPM — Área de exper- tise das startups. Fragoso — Será que uma startup não vai chegarmais rapidamenteaumaso- lução que atenda a essa demanda a um custo muito menor? Provavelmente, sim. Daí o conceitode plataforma. Revista da ESPM — E no plano pes- soal, como um executivo contemporâ- neo tem de se preparar? Fragoso — Sabendo que vai ter um novo mercado (com novos produtos e serviços), uma nova cadeia de atua- ção, uma nova regulamentação, ele precisa se antecipar a esse processo de renovação. Se demorar, alguém vai ocupar o espaço. Se você não mudar, alguémmuda por você. Revista da ESPM — O fato de que o brasileiro talvez esteja menos focado em discutir novos modelos de negó- cios e produtividade, como mostrou o estudo da Deloitte, trará alguns riscos importantes, do ponto de vista de implantação das novas tecnologias. Quais são esses riscos? Fragoso — Aí nós temos dois ou três fatores. Primeiro: o Brasil vemde três anos recessivos. A nossa capacidade de investimento está muito limitada. Segundo: nós aqui ainda temos uma visão muito imediatista, até porque temos esses ups and downs econômi- cos, ciclos de crescimento que não são contínuos quando comparados aos de economias mais estáveis, como a americana e a europeia, onde os projetos são de prazo mais longo. Falar sobre uma nova estratégia, na qual a tecnologia vai trazer mais eficiência, pressupõe que você vai ter de fazer estudos, investimentos, capacitação etc. Como aqui temos a visão de que é preciso resolver tudo no curto prazo, não conseguimos bancar grandes projetos. Terceiro: se você não tiver políticas públicas cla- ras de investimento em tecnologia, o empresário não consegue resolver sozinho. Temvárias regiões no Brasil em que você não consegue nem falar via celular. O que dizer de se conec- tar wireless ? Esses são os pontos que nos separamdo resto do mundo. Revista da ESPM — Em termos de gestão, que competências o adminis- trador precisa desenvolver para lide- rar as empresas desta nova era? Fragoso — Primeiro, um entendimen- to básico das mudanças tecnológicas. Segundo, conectar essa mudança tecnológica à estratégia e à gestão de pessoas. O que estamos vendo em alguns casos são empresas com uma preocupação eminentemente tecnoló- gica, não olhando para as demais di- mensões. Oexecutivodo futuro temde entender quais dessas três dimensões (estratégia, tecnologia e pessoas) são as prioritárias para a sua companhia. shutterstock Por meio de Waze, Uber, aplicativos mobile em geral e tecnologias na área financeira, já convivemos com uma certa mudança associada à 4ª Revolução Industrial

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