Revista da ESPM
PANORAMA REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 22 Na reportagem Preparing for the Robots: Which Skills for 21 st Century Jobs ?, publicada no site da organização, em2 demarço de 2016, a instituição faz a seguinte afirmação: “Devemospriorizar a formaçãodehabilidades cognitivas e sociocomportamentais desde a infância. Essas habili- dades sãonecessárias paramelhorar e conquistar novas habilidades técnicas ao longo da vida. Elas fazem traba- lhadores mais resilientes e capazes de suportar melhor ambientes emmudança. [...]Os adultos combaixosníveis de letramento verbal ematemático têmdificuldade para aprender e atualizar as habilidades técnicas necessárias para competir nomercado de trabalhomoderno”. Amençãoàcapacidadederesiliênciaéparticularmente interessante. Resiliência pode ser entendida como a capa- cidade de se adaptar amudanças e se recuperar de aconte- cimentosnegativosqueocorremparatodosnósaolongoda vida.Resiliênciaéumaimportantecaracterísticadepessoas quesedestacaramemsuascarreiras.Deacordocomolivro deWalter Isaacson, Leonardo da Vinci foi uma pessoa de granderesiliência.Éinteressantenotarqueresiliênciaeauto- conhecimentoestãoassociados.Apessoa,paraserresiliente, precisaseconheceresabertirarproveitodosreservatórios internosdemotivaçãoeenergiaque todosnóspossuímos. No relatório Future Work Skills 2020 , o Institute for the Future (IFTF) define as competências essenciais ao século 21 a partir de seis direcionadores demudança particularmente relevantes, na visão dos autores: longe- vidade extrema; mundo computacional; organizações superestruturadas e escaláveis; inteligência artificial; novas mídias; e mundo conectado. A partir desses seis direcionadores, o IFTF elencou dez competências essenciais: pensamento crítico; pen- samento criativo e adaptativo; inteligência social; trans- disciplinaridade; letramento digital e emnovasmídias; pensamento computacional; gestão da carga cognitiva; competênciamulticultural; colaboração virtual; e pen- samento de design. As descrições detalhadas de cada uma dessas competências podem ser encontradas no relatório disponível on-line e não serão repetidas aqui; nos restringiremos a destacar alguns pontos que nos parecemparticularmente interessantes. Em primeiro lugar, o pensamento criativo foi explici- tamente incluído na reflexão do IFTF, juntamente como pensamento adaptativo: ou seja, as pessoas precisamser capazesdeseadaptaranovascircunstâncias,inovandoao longo do percurso. Acombinação de competências varia- das, a transdisciplinaridade, tambémmerece destaque. Omundo está cada vezmais complexo, os problemas que enfrentamos resultam e recebem impactos de diversas fontes. Isso ocorre tanto no nível de uma nação quanto no nível de empresas e organizações que, forçosamente, atuam em escala global ou, nomínimo, se deparam com competidores globais. Outra consequência dessa complexidade é o fato de que os profissionais do século 21 estão expostos à intera- ção global a qualquermomento: a colaboração virtual e a capacidade de trabalhar comequipesmulticulturais são essenciais.Maisumavez,competênciascomportamentais ocupamposição de destaque na formação profissional. A importância da criatividade também é destacada pela organização Partnership for 21st Century Learning (P21). Ela propõe ummodelo extenso e abrangente, que parte de conteúdos essenciais das disciplinas de ensino médio até chegar a uma proposta de competências para o trabalho, que são divididas em três categorias, como descrito na Tabela 1. Temos, dessa forma, as visões de quatro organizações sobre a questão do letramento necessário ao século 21 e à indústria 4.0. É claro que há diferenças, e criatividade é umbomexemplo. Elanão émencionadanas definições daOCDEnemdoBancoMundial,mas aparecenos docu- mentosdo IFTFedaP21. De todos, o IFTFpareceseroque dámais importância relativa à tecnologia, embora a P21 seja explícita quanto ao letramento digital. AOCDE, por outro lado, dámais ênfase às capacidades cognitivas que permitiriamodesenvolvimentodehabilidades técnicas. Noentanto,seháumpontodeconcordânciaentretodos essesmodelos é que o ser humano, para se diferenciar da máquina e manter a sua relevância no mundo que vem pela frente, precisa se redescobrir, reintegrar aspectos que o avançoda tecnologia e do pensamento separaram, como a ciência e a arte, e reforçar aquela característica que, na visão de Albert Einstein, é o principal indicador Paramanter a sua relevância, o profissional precisa se redescobrir e reintegrar aspectos que o avanço da tecnologia e do pensamento separou
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