Revista da ESPM

ENTREVISTA | LUCA CAVALCANTI REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 56 Revista da ESPM — No último Fó- rum Econômico Mundial, líderes de empresas de tecnologia e de bancos tradicionais discutiram os desafios do setor financeiro diante das demandas geradas pelas novas gerações e das oportunidades que surgiram a partir da tecnologia. Como você define a missão do Bradesco no contexto da 4ª Revolução Industrial? Luca Cavalcanti — Começamos a viver em uma sociedade fluída, que traz em sua essência a colaboração em detrimento da competição. Esse é o conceito que estamos reprodu- zindo no inovaBra habitat e no ino- vaBra Lab — o laboratório que testa as soluções do habitat. Aqui, não é mais a hierarquia e sim o conhecimento técnico, a competência e a visão do profissional que indicam quem irá atuar no processo de tomada de de- cisão. Eliminamos paredes, unimos as mesas, integramos as áreas e estimulamos a convivência em um universo aberto de compartilhamen- to, onde o aprendizado é constante! Revista da ESPM — Cada vez mais, o conceito da transformação digital, que está por trás da 4ª Revolução Industrial, vem excedendo os interesses específicos da indústria, sendo aplicado hoje em empresas de diversos setores da econo- mia, incluindo os bancos, o que resulta em novos objetivos, estruturas e estra- tégias. Que pontos você identifica entre esse conceito e os projetos do Bradesco? Cavalcanti — A nova era está apenas começando. Cabe às empresas acom- panhar esse movimento, com veloci- dade e fôlego para fazer diferente. Por isso estruturamos o inovaBra, uma plataforma que promove a inovação dentro e fora do Bradesco, por meio de um ecossistema de programas ba- seados em coinovação para garantir a sustentabilidade dos negócios. Esse movimento teve início em 2011, com o lançamento do inovaBra polos, para promover a inovação em cinco áreas do banco: canais digitais,meios de pa- gamento, banco do futuro, produtos e seguros. Depois, criamos o inovaBra startups — para selecionar, capacitar e testar os novosmodelos de negócio — , e o inovaBra inteligência artificial — o C.E.B.I.A. (Centro de Excelência Bra- desco Inteligência Artificial). Revista da ESPM — Falando sobre o seu trabalho no estímulo ao surgimento de novos modelos de negócios, não é se- gredo para ninguém que a maioria dos projetos das startups brasileiras são de escasso valor no mercado real, não con- tribuem muito para a criação de van- tagens competitivas ou oportunidades reais de negócios. Como você enfrenta esse problema? Cavalcanti — Sim, tem muita coisa superficial no mercado. Por isso cria- mos o inovaBra startups, um progra- ma desenvolvido para oferecer asses- soria nas mais diversas áreas, como segurança da informação, negócios, marketing e até compliance. Desde o início, mais de 2,5 mil startups participaram desse processo imer- sivo de mentoria e aprimoramento do negócio. Tal prática já permitiu às áreas de negócios do Bradesco expe- rimentar 32 soluções de startups. Em geral, as startups bem-sucedidas são contratadas pelo banco e têm possi- bilidade de receber um investimento do inovaBra ventures — fundo de R$ 100 milhões que o Bradesco mantém para parcerias e aquisições estraté- gicas de startups e fintechs . Este ano devemos realizar outras 25 provas de conceito no inovaBra Lab. Muitas delas irão se materializar em novos produtos e impactar a vida financei- ra de milhões de clientes. Revista da ESPM — Essas startups estão instaladas no inovaBra habitat, espaço lançado no início do ano para promover a inovação compartilhada. Mas de que maneira esse processo ocorre na prática? Cavalcanti — O inovaBra habitat é mais do que coworking , é um espaço de coinovação (inovação colaborati- va) dedicado à geração de negócios baseados em tecnologias digitais disruptivas, como blockchain , in- ternet das coisas (IoT), open API, big data, algoritmos e inteligência artificial. O objetivo é colaborar para inovar! Mas você só colabora quando conhece e se relaciona com as pessoas. Assim, construímos um prédio de dez andares entre a aveni- da Angélica e a rua da Consolação e o transformamos em um ambiente de relacionamentos e entrosamento entre empreendedores, investido- res, aceleradores, parceiros de ne- Aorganização que terá sucesso durante a 4ª Revolução Industrial é aquela que conseguir ampliar as habilidades de seus colaboradores. É o famoso reskilling

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