Revista da ESPM

MERCADO REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 64 padrãodevidaebem-estar,tantopositivaquantonegativa- mente. Emseu livro AQuartaRevolução Industrial (Edipro, 2016), Klaus Schwab afirma que é difícil prever o quanto essas transformações irão afetar a sociedade, já que as pessoassãoaomesmo tempoconsumidoraseprodutoras. No Brasil, essas mudanças ainda ocorrem de forma lenta e desigual em diferentes segmentos da economia. Entretanto, alguns setores no mundo já se demonstram fortemente afetados pelas novas tecnologias. A agricul- tura, por exemplo, era responsável por 6,6% da força de trabalhoem1871. Em2011, essenúmero foi reduzidopara 0,2%.Omesmoaconteceucomotrabalhonasfábricaseaté mesmo na área de serviços mais especializados, como o de lavanderia. Em1901, oReinoUnido tinhaumapopula- çãode32,5milhõesdehabitantese200mil trabalhadores lavando roupas. Em 2011, a população foi ampliada para 56,1milhões, enquantoosetor passouaempregar apenas 35mil pessoas, comoapontaa reportagem Tecnologia cria mais empregos do que destrói, aponta estudo , publicada no jornal OGlobo , em18 de agostode 2015. Se voltarmos, assim, ao casodaChina, anotíciade que a utilização de robôs vai gerar o desemprego de dez mil trabalhadores desperta inúmeras questões. Tal cenário poderiasinalizaroprenúnciodofimdotrabalho,sobretudo empaíses nãodesenvolvidos, comelevadodesemprego e predomínio de baixa qualificação emsua população eco- nomicamente ativa?Essemovimento seriaa sentençade morteparaaexpectativademelhoressaláriosecondições de vida? Isso confirmaria ummundo de desigualdades aindamais acentuadas, alvode preocupaçãodeMusk?E, ainda, dopontodevista racional, emtermosdeprodutivi- dade, por que insistir empreservar postosde trabalhonas grandes indústrias se, aparentemente, aadoçãode tecno- logia intensiva traria mais lucratividade e inovação para os empresários?Os empregos estariammesmoemrisco? Mesmosendodifícil prever onível dedesigualdade tra- zidopelasnovas tecnologias, pesquisadoresmaisotimis- tas afirmamque elas não são capazes de tirar o sono dos empregados,aindaquesejadifícilconvivercomocrescente númerodedemissões edepostosde trabalhoeliminados parasempre,comoconsequênciadasmudançasreferidas. Eexisteatéumajustificativanahistóriaparatalconvicção. Quando a Primeira Revolução Industrial ocorreu, as fábricaseaproduçãoemmassaatraíramos trabalhadores paraascidades, deixandooantigoartesãototalmente fora dosnegócios.E,emboradesaparecidasuafigura,osconsu- midores puderam experimentar a possibilidade de obter produtosmais baratos e demodomais rápido (já que pas- saramaser produzidosmaispróximodos consumidores). Emoutraspalavras,oprejuízodeunstrouxebenessespara aesmagadoramaioria. E, aindaquemuitos tenhamficado semtrabalho(nocaso,osartesãos),juntocoma“revolução”, novosempregos foramcriadose, como tempo, umaoferta crescente deles para a populaçãomundial. Ouseja, navisãodosmais entusiastaseotimistas, esse fenômeno ocorre demodomais acentuado desde a Revo- lução Industrial e vai continuar a ocorrer. E, como indica oestudodivulgadopelo jornal OGlobo emagostode2015, mudançasna formadepensareproduzirpodemmelhorar as condiçõesdevida, os salárioseatémesmocriarmerca- dosquenãoexistiam. “UmestudodivulgadopelaDeloitte apontou que 35%dos empregos doReinoUnido estão sob riscodeseremextintosduranteaspróximasduasdécadas. Contudo, três pesquisadores da própria consultoria reali- zaramumapesquisacomumcontrapontomaisotimista. Combaseemdadoscensitáriosdosúltimos140anos, eles demonstraramque a tecnologia crioumais empregos do que destruiu”, afirma a reportagemde SérgioMatsuura. Utilizando dados do Censo britânico desde 1871 e do Labour Force Survey , de 1992, alguns economistas con- cluem que “as máquinas assumiram tarefas mais repeti- tivase laboriosas,mas jamaischegarampertodeeliminar anecessidadedo trabalhohumanoemnenhummomento dos últimos 140 anos”. É claro que alguns setores foram impactados negativamente, mas tambémhá aqueles que tiveram crescimento no número de empregos. Assim foi queoReinoUnido,porexemplo,vivenciouumincremento naáreadegerênciadetecnologiadainformação,comcres- cimento de 6,5 vezes, como assegura a reportagem Fique tranquilo, a tecnologianão vai roubar seuemprego ,publicada em22 de julhode 2017no site TecMundo. Aliás, o economista Joseph Schumpeter, na década de 1940, foi oprimeiroautilizaro termo “destruiçãocriativa” para descrever a maneira como o progresso tecnológico melhora a vida de muitos, mas à custa de um pequeno númerodepessoas. Essadestruiçãocriativa teriaocorrido Asmáquinas assumiram tarefasmais repetitivas, mas jamais chegaramperto de eliminar a necessidade do trabalho humano nos últimos 140 anos

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