Revista da ESPM
PERFIL REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 78 transição do hoje para o amanhã. Vale dizer que issonão significa que as posições técnicas serão extintas, e fim. Estamudança nos aponta para o fato de que os profissio- nais precisarão ter consciência coletiva de que passarão a desenhar muito mais a estratégia, atuando na gestão dos projetos, fazendo o link entre esta indústria 4.0 com o melhor do recurso humano que houver. Ou seja, os líderes não irão apenas cuidar da distribui- ção e acompanhamento das demandas. Pelo contrário, eles terão umolhar cirúrgico sobre como sua equipe, ali- nhandoastarefasàtecnologiadisponível,poderáalcançar altodesempenhoe, portanto, atuaráemseumelhornível. Tudo isso só é possível, no entanto, porque o perfil do jovem que ingressa no mercado de trabalho passa por grandes transformações. Antes, o perfil buscado devia apresentar competências técnicas como boa escrita, conhecimento em recursos (planilhas, apresentações etc.), alémde competências comportamentais que englo- bavamcomunicação clara, relacionamento interpessoal eficiente e capacidade analítica, por exemplo. Mas, nos últimos anos, as competências passaram de comporta- mentais, em que se observa a interação com o meio em que o talento está inserido, para as competências socio- emocionais, emque esse talento passa a ter consciência coletiva, alémde considerar a relação “eu e o outro”. Isso significa que, além de conhecimentos específi- cos, éprecisoque o jovemprofissional dehoje tenha uma atuação consciente do meio em que estamos, para que seja capaz de resolver problemas, identificar e geren- ciar emoções, trabalhar colaborativamente, estabelecer objetivos, demonstrar cuidado como outro e enfrentar as situações adversas demaneira criativa e construtiva. Mais flexibilidade e menos burocracia Oconceitode open talent economy traz comele uma aber- turainteressantedemodelosdetrabalho.Porémmaisinte- ressante ainda é oquantoo jovemprofissional estámoti- vado para isso. Agrande vantagemdesses novos tempos é a de que o profissional pode escolher omodelo que faz mais sentido para seupropósitode vida. Estamos saindo dapadronizaçãodevínculos ecomeçamosaentrarnaera da personalização dos vínculos. Oque isso quer dizer?O jovemaindasonhaemtrabalharemumagrandeempresa, nosdiasdehoje,mas aconcretizaçãodesse sonhoedesse vínculonão precisa, necessariamente, vir no formato de uma contratação formal, como a CLT. Antigamente, se a grande empresa era o grande sonho dos jovens, hoje percebemos que asmultinacionais com- partilham desse mesmo lugar com outras iniciativas, ou seja, há uma democratização de desejos e sonhos dos jovensquenãopassatãosomentepelasgrandesempresas. Os novos tempos nos mostram que não há mais um formato de trabalho e um tipo de organização que serve a todos. Assim, passamos a ter ampliadoohorizontepara diferentesformatos,escolhas,segmentoseportesdeempre- gadores, na busca e desejo desses jovens profissionais. A grande verdade é que os profissionais jovens, ou jovens há mais tempo, se apropriaram de suas carrei- ras. Entenderam, finalmente, que podem ser o que qui- serem, atuando onde escolherem. Há talentospara todas asoportunidades. Diariamente, cruzo com jovens que querem empreender, há aqueles que desejam ser executivos de grandes empresas, tem os que batalham por causas e buscam atuar no Terceiro Setor ou mesmo transformar o cenário político do país, trilhando por esta carreira. Preparar os jovens para a indústria 4.0 e desenvolver competências socioemocionais é viabilizar que eles se conheçammelhor e, a partir desse entendimento, pos- sam tomar asmelhores decisões e carreira. Sofia Esteves Presidente do conselho do grupo Cia de Talentos shutterstock Os robôs podemnos ajudar a chegar aonde queremos ser mais rápidos, mas eles (ainda) não podem ser tão criativos quanto os humanos
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx