Revista da ESPM
ENTREVISTA | FLAVIO PRIPAS REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 86 Revista da ESPM —Como surgiu e qual é a missão do Cubo Itaú? Quais são seus desafios pessoais no comando do projeto? Flavio Pripas — A proposta do Cubo é conectar pessoas, abrangendo cinco variáveis: acesso a talento, acesso a capital, ambiente empreendedor, atitude empreendedora e geração de identidade. O projeto nasceu a partir da constatação de que havia uma lacu- na no mercado, que era encontrar um espaço físico onde as pessoas trocas- sem ideias, discutissem tecnologias e explorassemnovas formas de trabalho em conjunto. O Itaú topou o desafio de criar esse espaço. Todo o processo na grande empresa é para diminuir riscos. Mas quando falamos de em- preendedorismo e startup, estamos falando justamente de risco. O Itaú e outras grandes empresas são mundos que pouco se conversam. O banco não sabia como, mas queria se abrir, falar com o novo, com o capital de risco. Nesse ínterim, ouvimos falar de uma experiência que havia se desenvol- vido na China, aproximando fisica- mente grandes empresas e pequenas startups. Resolvemos trazer a ideia para o Brasil, para cumprir dois obje- tivos. O primeiro é aproximar os exe- cutivos do banco com o universo das startups. O segundo é acompanhar de perto novas oportunidades e novos produtos, comoumradar denegócios. Revista da ESPM — E como você en- trou para o time do Cubo? Flavio — Estou desde 2016, quando fui chamado para tocar a plataforma aber- ta de fomento. Por que aberta? Com ra- dar amplo, o Itaú fundou o Cubo como uma organização sem fins lucrativos chamando grandes empresas, univer- sidades e institutos, comoaCoca-Cola, Gerdau, Mastercard, Bolsa de Valores eRede, para fomentar o empreendedo- rismo. Omelhor conceito para isso é a plataforma aberta, que cria sintonia e parceria com o inovador. A nossa vo- cação é a geração de negócios para as startups. O Itaú não sabe investir em startups. Nenhuma grande empresa sabe. Por isso, o Itaú não tem inves- timento direto em startups do Cubo. Aqui é um local de conexão de pessoas e empresas, incluindo o Itaú, a Gerdau e outras empresas, que ficam mais abertas à inovaçãonesse ambiente. Revista da ESPM —Qual é a principal diferença de mentalidade que distancia as grandes empresas das startups? Flavio — Os projetos que as startups criam precisam ter escala, velocidade e execução. Toda grande empresa tem escala e execução, mas não tem velo- cidade. E no momento em que a gente junta a grande empresa coma startup, esta ganha a velocidade e consegue mudar sua trajetória de crescimento, pois conquista umgrande cliente. Revista da ESPM — Como as startups abrigadas no Cubo estão conectadas aos conceitos da indústria 4.0? Flavio — O conceito de indústria 4.0 é muito amplo. O pessoal está deposi- tandomuita coisa sob ele. Oquenós fa- zemos no Cubo é curadoria e matching [aproximação entre empresas, clien- tes e investidores], para aumentar o potencial de geração de negócios. Se formos falar de indústria 4.0, o que as empresas estão buscando? Aumento de qualidade, aumento de segurança, automatização de processos e dimi- nuição de desperdícios, por exemplo. Para cada uma dessas frentes nós te- mosprojetosde startups emandamen- to. Vou lhe dar um exemplo: aumento de produtividade. Nós temos aqui empresas atuando com inteligência artificial com esse objetivo. Elas traba- lham com projetos de robotização da linha de produção. Na questão de des- perdícios, temos aqui uma empresa com sistema de gestão de resíduos, de uso de água e de recursos ambientais empregando soluções de tecnologia. E para cada um desses desafios da indústria, nós fazemos uma curadoria, um matching para oferecer a melhor solução. Só um detalhe importante do Cubo: somos uma sociedade civil sem fins lucrativos. Nós nada lucramos. Se o negócio der certo ou errado, não temos nada comisso. Revista da ESPM — Vocês trabalham com um perfil delineado de empresa? Flavio — Somos bem agnósticos. Te- mos soluções desde automatização de processos até empresas que atuam no aprimoramento dos processos de seleção em recursos humanos. O mix no Cubo é bastante disperso. Qual o critério para seleção de startups para participar do Cubo? Primeiro, ela precisa ser uma startup. Ou seja, uma empresa que resolve um problema O Cubo é um local de conexão de pessoas, incluindo o próprio Itaú, a Gerdau e outras empresas. Elas estão mais abertas à inovação nesse ambiente
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