Revista da ESPM

INDÚSTRIA REVISTA DA ESPM | ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018 96 Jánametadedo séculopassado, foi a vezdoeconomista argentinoRaúl Prebishchamaraatençãoparaaquestãodo avanço do progresso técnico enquanto indutor do desen- volvimento econômicodos países latino-americanos. Em sua visão, a porta de saída do atraso econômico seria per- correr o caminho das economias avançadas: a industria- lização, enquanto um processo garantidor de aumentos deprodutividadee, portanto, de rendamédia. Foramestas ideias que impulsionaramoprocessode industrialização brasileiro ao longo da segundametade do século 20. Entretanto, desde fins do século passado, o Brasil vem se desindustrializando e a participação da indústria da geração de valor tem diminuído continuamente, con- forme indicam os gráficos 1 e 2. Oconceito de que o Brasil está se desindustrializando temrelaçãodireta comadiminuiçãodovolumede empre- gos gerados e a redução da participação do setor produ- tivo na pauta de exportação e na diminuição de sua par- ticipação no PIB, como aponta o gráfico 3. Mola propulsora A estrutura produtiva de uma nação explica seu nível de desenvolvimento econômico. Países que alicerçam seu esforço produtivo em commodities — aço, soja, miné- rio, algodão — raramente se beneficiam de um nível de renda elevado. A hierarquia de necessidades deMaslow explica que, em países de renda baixa, esta se destina prioritaria- mente ao atendimento de necessidades básicas como alimentação e moradia. À medida que a renda cresce, espera-se uma alteração nas cestas de consumo dos consumidores. Conforme cresce o poder de compra, há um aumento no consumo de bens manufaturados em detrimento de bens e produtos básicos. Em países de renda elevada, espera-se um aumento no consumo de serviços que atendam às necessidades mais sofisti- cadas como demanda por cultura e serviços de viagem. São os chamados serviços comuns, não complexos. A indústria ocupa o papel de maior compradora de serviços complexos. Quando há crescimento no setor, expande-se também o mercado de serviços complexos. Nesse cenário, os setores de propaganda, design gráfico e de produto, tecnologia da informação, internet das coi- sas, big data e inteligência artificial estão entre as ativi- dades que passam a ter uma demanda substantiva por parte da indústria, que viabiliza a existência e o cresci- mento desses negócios. Em uma economia sem forte presença industrial, o mercado de serviços complexos cresce puxado apenas por demandas externas. As dificuldades de produção local, os custos elevados, a infraestrutura precária e os desincentivos variados estimulama exportação demão de obra desses mercados para outros países commaior renda emais industrializados. Ou seja, ocorre uma “fuga de cérebros”, o que eleva os desafios do desenvolvimento econômico, que se vê emmeio a um círculo vicioso. Novos rumos Uma das discussões que ganharam corpo no mercado brasileiro envolve as transformações provenientes da indústria 4.0, que na verdade constitui-se emuma nova forma de competição. Um dos pontos de atenção nesse Fonte: Ipeadata GRÁFICO 1 – PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS SETORES DA ECONOMIA NO PIB NACIONAL GRÁFICO 2 – PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO E EXTRATIVA NO PIB 0,3 Ind. Extrat. Ind. Transf. 0,05 0 1991 T1 1990 T1 1993 T1 1992 T1 1995 T1 1994 T1 1997 T1 1996 T1 1999 T1 1998 T1 2001 T1 2000 T1 2003 T1 2002 T1 2005 T1 2004 T1 2007 T1 2006 T1 2009 T1 2008 T1 2011 T1 2010 T1 2013 T1 2012 T1 0,1 0,15 0,2 0,25 Fonte: Ipeadata 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 PIB – serviços PIB – agropecuária PIB – indústria

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