Revista da ESPM

ABRIL/MAIO/JUNHODE 2018| REVISTADAESPM 97 sentido é o fato de que a desindustrialização pode estar associada a um fenômeno meramente estatístico, pela falta demensuração correta da atividade industrial, que hoje está misturada com as startups. Essas novas empresas surfamna onda das inovações e dos novos negócios. O mercado brasileiro observa o crescimento de startups ligadas a diferentes segmentos. Porém, noBrasil, a vocação das startups —na contramão do restante domercadomundial, que temumforteDNA de inovação para novas soluções — estámais ligada a ofe- recer alternativas para a sobrevivência dos negócios. Ou seja, as startups brasileiras investemmais emsoluções de viabilidade econômica que ofereçamredução de cus- tos ou reduzemassimetrias e ineficiências demercado. Omesmo acontece comas fintechs , que atuamnomer- cado financeiro. Em volume, elas têm maior presença no Brasil do que no México e trabalham para oferecer soluções para lacunas domercado, como altas taxas de juros, falta de agilidade em processos, dificuldade de acesso a certos perfis de consumidores, entre outros. Mas o crescimento das fintechs não está relacionado a uma economia forte e consolidada, comalta demanda de serviços e amplo espaço para o fortalecimento de serviços complexos. Essas empresas trafegam na via das dificuldades e comalto nível de especificidade, pro- movendo soluções para a sobrevivência dos negócios. Futuro A questão da desindustrialização no Brasil deixou de ser um objeto de discussão e se tornou um fato consolidado. E as notícias não são agradáveis para o futuro. Esse fenômeno deve ganhar ainda mais força se o próximo governo federal não adotar uma política econômica que proporcione um ambiente macroeco- nômico favorável para a sobrevivência de empresas competitivas sob o ponto de vista tecnológico. É pre- ciso olhar com atenção para este setor, criando um ambiente para seu crescimento, com oportunidades para novos investimentos, geração de emprego e com- petitividade para a indústria local conseguir espaço global na cadeia produtiva e na internacionalização de novos negócios. É uma estrutura produtiva inovadora, diversificada e alicerçada em uma indústria forte que será capaz de criar demanda para o crescimento de setores de servi- ços complexos. Afinal, é impossível pensar em desen- volvimento econômico sempensarmos emdesenvolver umambiente fértil às inovações tecnológicas de nosso tempo. A estrutura produtiva é sempre importante. Cristina Helena Pinto de Mello Doutora em economia e pró-reitora da ESPM-SP GRÁFICO 3 – ESTOQUE FORMAL DE TRABALHADORES 90 110 130 150 170 190 210 230 250 270 dez/17 dez/95 ago/96 abr/97 dez/97 ago/98 abr/99 dez/99 ago/00 abr/01 dez/01 ago/02 abr/03 dez/03 ago/04 abr/05 dez/05 ago/06 abr/07 dez/07 ago/08 abr/09 dez/09 ago/10 abr/11 dez/11 ago/12 abr/13 dez/13 ago/14 abr/15 dez/15 ago/16 abr/17 Serviços e comércio Extrativa Agropecuária Total Ind. Transformação Fonte: Ministério do Trabalho

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx