Revista da ESPM

JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2018| REVISTADAESPM 13 Robôs e algoritmos A função do jornalista profissional será cada vez mais lastreada em talento, criatividade e ética da profissão. Tarefas repetitivas, como os roteiros de lazer, mapas do tempoeoutrasficarãoa cargode robôs. Em2018, robôs já escrevemtextos comrazoável complexidade,masnãohá valor diferencial neles. A inteligência artificial definirá uma nova base de qualidade jornalística e, para se desta- car, os profissionais emcarne e osso terãode aprimorar a capacidade de interpretar e apresentar informações com formatos, abordagens e elementos que os robôs não con- seguirão produzir. Agilidade com profundidade Aos jornalistas profissionais não bastará apenas reproduzir em segundos ou minutos uma notícia. O segundo tuíte sobre ummesmo fato já não tem valor. Para se diferenciar, e poder cobrar por conteúdos, os profissionaisterãodeapresentarquaseinstantaneamente dadoseanálisesadicionais,maisprópriosaocampodos por quê e como do que na seara do o quê, quando, onde e quem . Estacondiçãoexigirámaisespecialistasouvidoscomoorá- culos do que generalistas que atirampara todos os lados. Os veículos profissionais irão trabalhar cada vezmais emduas velocidades. Numa, a informação é decantada, esmerilhadapor checagens, formatada e levada apúblico dias ou semanas depois do fato comuma visão fundada na exclusividade. A outra velocidade é instantânea. Os jornalistas se valerão de transmissões ao vivo, onipre- sentes e a baixo custo, para oferecer não só anarraçãodo que ocorre,mas sobretudouma explicação ouuma inter- pretação. Oque se consolidou como trivial nas transmis- sões de esporte pela TV será levado a qualquer evento, fato ou ocorrência ao vivo via web, muitas vezes por meio de legendas para não interromper o áudio original. Especialização Anoçãodeque só terávalor oque for únicoediferenciado levará jornalistaseveículosaassumirestilose focosclara- mente identificadospelopúblico.Cada jornalistaeveículo terá de responder sobre o que faz ser omelhor domundo em alguma coisa. Não haverá espaço para o número 2 que se posiciona damesma forma. Pode ser um jornalista especializadoemCâmaradeVereadoresdeumacidadedo interior oua coberturade futebol deumjornal regional. O reconhecimentodaqualidadee uniqueness équedetermi- nará a chance de umveículo prosperar pormeio do paga- mentopeloconteúdo. Aespecializaçãoabriránovoscami- nhos para receitas de eventos, reviews , native advertising e vendas adicionais de conteúdos aindamais específicos. Novos formatos Como sempre ocorreu na história, surgirão novos for- matos que se complementarão aos anteriores. A bola da vez para os próximos dez anos é uma versão ami- gável, móvel e de impressionante realismo da reali- dade virtual. Em tese, o público poderá se posicionar em segurança em diferentes ângulos de um campo de batalha para assistir ao vivo à tomada de uma cidade por tropas no outro lado domundo. O que isso vai gerar ainda não se sabe. Mas serão fundamentais jornalis- tas e veículos profissionais de alta qualidade para dar veracidade e sentido à informação imersiva. Marcelo Rech Presidente da Associação Nacional de Jornais, vice-presidente do Fórum Mundial de Editores e vice-presidente editorial do Grupo RBS shutterstock Comas fakenews disseminandomentirasemhoraspara milhõesdepessoas,osjornaistradicionaisseapresentarão cadavezmaiscomoavanguardadacredibilidade