Revista da ESPM
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2018| REVISTADAESPM 39 US$900bilhões, tornando-seaempresamais valiosaa ser negociada na Bolsa deNova York. Já a Alphabet (empresa controladora da Google) chegou ao valor de 700 bilhões. O Facebook, embora não lidere o ranking das marcas mais caras, é outro caso impressionante. Em 2017, seu valordemercado, comoempresa (nãoapenascomomarca, portanto), bateu na casa dos US$ 499,8 bilhões, coma sua receita publicitária podendo ultrapassar US$ 36 bilhões, numcrescimentode 35%emrelação a 2016. O regime das muralhas em rede (recortando o imagi- nário embolhas) tambémconcorreu para acentuar a per- cepção (ilusória, fictícia) de que as notícias que vão e vêm sãogratuitasoudeveriamser. Essa ideiadequeasnotícias “vêmde graça” foi uma das piores doenças que nos alcan- çou—é uma doença que vemde longe, pelomenos desde a décadade20doséculopassado,masque seagravoumuito de uns dez ou 15 anos para cá. As redes sociais banaliza- ram e baratearam o sentido de palavras como “notícia”, “informação” e, claro, “verdade”. O estrago não ficou só nisso. Esse grau de monopó- lio, esse modelo de exploração que consegue extrair valor de trabalho das massas humanas que pensam estar apenas se divertindo fez das redes sociais uma usina de produção e de distribuição de notícias frau- dulentas numa ordem de grandeza sem precedentes. Uma sucuri de silício — uma das múltiplas e simultâ- neas encarnações do capital — tritura e engole a socie- dade civil globalizada. De meu lado, digo apenas que não tenho Facebook. É meu jeito singelo de declarar que o Facebook não me tem. Sigo esperando o advento de uma próxima solução em matéria de comunicação em rede. Espero algo menos sovina, menos perverso e menos injusto. Eugênio Bucci Jornalista e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo shutterstock
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx