Revista da ESPM

JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2018| REVISTADAESPM 43 Revista da ESPM — O perfil do mídia mudou muito? Ele continua vindo da publicidade ou estão aparecendo mais profissionais com outras formações? Rodrigo — Hoje, eu tenho pessoas com formação de tecnologia, que logo passaram a trabalhar commídia. Isso é muito bacana, porque a profissão atrai novos campos de conhecimento. E outro fator muito positivo é que o nosso trabalho se tornou muito mais colaborativo. Não há mais espaço para aquela coisa de “minha ideia” e cada um fazer do seu jeito. No fim, o profissional de mídia adquiriu um papel muito mais importante para as agências e para o cliente do que de- sempenhava há 15 anos. Revista da ESPM — Falando em da- dos, os números divulgados por várias fontes estimam os investimentos em pu- blicidade no Brasil entre R$ 40 bilhões e R$ 130 bilhões anuais. Os números de mídia digital estão sendo bem estimados ou estão muito abaixo da superfície? Rodrigo — Eu não sei precisar qual é o tamanho do mercado exatamente, mas, do ponto de vista demensuração, a mídia digital é aquela que mais me oferece ferramentas para avaliar os investimentos e os resultados. Eu diria que faltam hoje no Brasil alternativas para se medir os investimentos em outras mídias com a mesma assertivi- dade que o digital. Isso é natural que aconteça, porque oBrasil émuitogran- de e fica muito difícil investir em pes- quisas coma abrangêncianecessária. Revista da ESPM — Apesar de todas as mudanças de comportamento, a TV aberta continua preservando uma par- ticipação de mercado imensa no Brasil, contrariando a tendência de mercados mais maduros, nos quais as plataformas digitais já ocupam papel mais relevante no investimento em publicidade e no consumo de conteúdo em vídeo. Por que o Brasil é diferente? Rodrigo — De fato, esse é um fenô- meno típico do Brasil e há, também, poucos lugares no mundo com tanta concentração em poucos grupos. Você vai para a TV aberta e tem uma Rede Globo com mais de 50% da audiência e o resto concentrado em outros quatro ou cinco canais. Em jornal, você tem Estado , Folha , grupo RBS e Globo dominando. Por haver muita concentração, é mais fácil explicar esse comportamento no consumo de mídia do brasileiro. Revista da ESPM — As disparidades regionais ainda são muito grandes? Rodrigo — Não é preciso ir muito lon- ge. No interior de São Paulo você vai a cidades pequenas e ainda encontra TV com tubo de imagem nas residên- cias. O Brasil tem 40% da população sem acesso à tecnologia 3G e 4G no celular. Há um problema de infraes- trutura que influencia bastante, prin- cipalmente quando somado ao hábito do brasileiro que estámuito arraigado. Ele cresceu consumindo informação pela TV e assimpermanece. Revista da ESPM — Além da TV aberta, a TV por assinatura vem ga- nhando espaço, contrariando a tendên- cia decadente da mídia impressa, entre outras. Que aspectos positivos a TV por assinatura oferece como opção de investimento emmídia? Rodrigo — Em 2006, o Pay TV tinha 31 milhões de espectadores. Hoje são 83 milhões. Chega a ser um meio de alta penetração, quando você está trabalhando com produtos mais qua- Obrasileiroconsome60%maisredessociaisqueamédiamundial. Asociabilidadeéumtraçodanossacultura shutterstock

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