Revista da ESPM

ENTREVISTA | RODRIGO FAMELLI REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2018 46 de dados de alguma maneira. Por ou- tro lado, a capacidade de mensuração dos meios digitais é muito superior. Eu consigo saber com muito mais precisão os resultados da minha campanha. Nesse sentido, os meios tradicionais é que precisam recorrer mais à tecnologia para melhor aferir e entender a sua audiência. Eu vejo muita convergência possível entre os meios. Até a TV aberta está conse- guindo trazer mais interatividade e resolver questões de infraestrutura. E esse movimento só tende a aumen- tar. De 80 milhões de brasileiros que acessam regularmente a internet, 26 milhões só fazem por meio do apare- lho celular. Quando isso for superado, nós teremos uma experiência ainda mais bacana ligando todos osmeios. Revista da ESPM — Quando se faz o planejamento e a criação de uma cam- panha, o smartphone já é a primeira tela do ponto de vista da execução? Rodrigo — Mobile first , sempre. Se não representa a primeira tela, é tão importante quanto todas as outras. No momento de pensar o formato e realizar testes, a campanha precisa estar totalmente adequada ao celu- lar, porque é ali que ela terá a maior repercussão. E isso se desdobra nos outros meios. Eu acredito no conceito de transmídia. A mensagem precisa funcionar numdeterminado formato, mas a narrativa é construída por vá- riosmeios. É preciso pensar no todo. Revista da ESPM — As mídias em streaming , como o Netflix, estão der- rubando o conceito de intervalo co- mercial, da mesma forma como o uso do merchandising vem crescendo em investimentos no Brasil. Que tendências em consumo de mídia temos pela frente? Rodrigo — O grande trunfo do stre- aming é a questão da praticidade. Você consome como, quando e onde quiser, por preços acessíveis. Veja a indústria fonográfica: por R$ 15 mensais você temacesso a umacervo gigantesco de música no Spotfy, en- quanto um CD custa muito mais do que isso. Não por acaso, assistimos ao imenso sucesso doNetflix. Revista da ESPM — Mas quais difi- culdades e oportunidades esse formato gera para a publicidade? A propaganda tradicional ainda entra na abertura dos vídeos do YouTube, mas não tem acesso ao Netflix, pelo menos por enquanto. Rodrigo — Grandes cases de marca estão sendo construídos no Netflix por meio de product placement . Essas são as maneiras de entrar na mídia, como o cinema trabalhou a vida in- teira. Por isso, o trabalho do mídia tornou-se muito mais complexo. É preciso estar atento aos novos forma- tos emídias, o tempo todo. Revista da ESPM — Os veículos no Brasil estão mais preparados e ofere- cendo novos formatos para as agências ou ainda se trabalha muito no modelo convencional? Rodrigo — Os veículos evoluíram bastante nesse sentido. Na mídia impressa, por exemplo, hoje conse- guimos produzir projetos emconjunto que envolvam conteúdo com muito mais facilidade. As pessoas envolvi- das no conteúdo, redação e publisher , estão com a cabeça mais aberta. É um processo de evolução. Na internet, os influenciadores são os rock stars do momento. As pessoas querem con- sumir outros conteúdos e os veículos estão se adaptando. Revista da ESPM —Que cases da Afri- ca você destacaria dentro dessas novas tendências de conteúdo e mídia? Rodrigo — O case que melhor mostra isso aqui, na agência, é a campanha da Bud, como [ex-jogador de basquete] Oscar. Foi um projeto onde a ESPN, como veículo, fez umtrabalho incrível. Resumindo a história toda, lá atrás o Oscar teve a oportunidade de jogar na NBA [liga americana], mas na época ele teria de abrir mão de jogar na sele- ção brasileira. Não era permitido ao jo- gador atuar no exterior e participar da seleção. OOscar teve de abrirmão des- se sonho e fez toda a carreira noBrasil, como sabemos. O que nós fizemos foi organizar uma homenagem ao Oscar lá nos Estados Unidos e permitir que ele jogasse por alguns instantes numa partida da NBA. Isso teve repercussão mundial, inclusive. Fantástico! Revista da ESPM — E de onde surgiu a ideia da campanha? Rodrigo — Ela veio da criação da agência e nós levamos à Bud e à No momento de pensar o formato e realizar testes, a campanha precisa estar totalmente adequada ao celular, porque provavelmente é ali que ela terá a maior repercussão

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