Revista da ESPM

JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2018| REVISTADAESPM 57 ESPEC I AL – O FUTURO DA MÍ DI A Teoria “Minha administração foi diferente da dos amigos que f i ze ram FGV, Ibmec e FEA, por conta do diferencial que a ESPM tem na área de comunicação social. A Escola possui algomaravilhoso: elanão tem receio de investir em laboratórios para testar novas disciplinas. Isso é bacana porque quem sai da ESPM chega preparado ao mercado de trabalho e, com isso, a ESPMcumpre a missão de fornecer a melhor mão deobraparaomercado. Tantoquefiz ESPM sem pensar em propaganda e acabei me tornando um profissional de mídia — uma função que ganhou importância na última década, por saber ler dados e padrões de comportamento. Durante muito tempo, o Ezra Geld (presidente da JWT) usou um ditado para definir os novos tempos: ‘ Jack of all trades, master of none ’ (profissional de múltiplos talentos e mestre em nada). Essa ‘multifunção’ acabou ampliando os horizontes do mídia. Tenho visto muita gente de mídia virar gerente de mídia em empresas como Apple, Netflix e Airbnb. Por conseguir extrair insight das tabelas, abre-se um enorme mercado para esse profissional no universo do marketing. Como a Netflix produz as suas séries e a Amazon faz seus livros? A partir dos dados sobre as pessoas que assistem e dos livros que leem e comentam na internet. Essa fórmulamatemática, namédia, vai bem!” Prática “Tudo virou mídia, a partir do momentoqueuma embalagemeum aplicativo são tão importantes para uso e reúso de uma marca quanto um exercício de comunicação ou uma ativação no ponto de venda. Basta ver o barulho que a cerveja Amstel fez no Carnaval de 2016 apenas com ativação. Eles não fizeram propaganda e, ainda assim, atingiram um volume de consumo expressivo. É por isso que tem tanta personalidade lançando produtos com marca própria. O rapper e estilista americano Kanye West fez uma parceria com a Adidas para lançar a Yeezys, sua própria marca de tênis, porque sabe que um comentário dele nas redes sociais vale mais do que um comercial na TV. Para amarca, o que valemais: 30 segundos na Globo, uma página de Veja ou o astro KanyeWest aparecer usando seu tênis no Globo de Ouro ? Tudo é uma questão de alcance e relevância . O a lcance você consegue por meio de plataformas programáticas de compra demídia, que são invasivas e podem ser bloqueadas por soluções simples de AdBlock. Outro caminho é oferecer ao consumidor algo que ele peça para assistir ou provar. E isso pode ser desde a série de filmes The Hire , da BMW, que em 2001 ganhou todos os prêmios de propaganda, até a plataforma de notícias BuzzFeed ou ainda o aplicativo do Nubank.” Tendências “Em todas as iniciativas e marcos de comunicação e comportamento digital, os Estados Unidos estão de dois a três anos à frente do Brasil. Então, é fácil prever o que está por vir no cenário da mídia. Ma is fáci l a inda é fazer essa mudança. Basta copiar o que a Vox Media , a Quartz ou o New York Times estão fazendo na internet, por exemplo, com os vídeos de notícias no YouTube. Por enquanto, no Brasil, apenas o jornalista Fernando Rodrigues conseguiu aproveitar esse espaço com o site Poder360 . Hoje, se eu fosse lançar uma marca no mercado, o primeiro ponto no qual investiria é no design, como fez a marca de bebidas Do Bem!, que foi adquirida pela Ambev, em 2016. Espaço para novos produtos e serviços tem de sobra no Brasil! Afinal, vivemos na ‘ Bel i nd ia’, do economist a Edmar Bacha, onde ainda faltam muitos produtos e serviços para atender os consumidores tanto da Bélgica quanto da Índia! O que falta para a maioria das empresas brasileiras é fazer seus produtos e serviços falarem a língua das pessoas e ‘conversarem’ com o comportamento atual da sociedade moderna, independentemente do canal de mídia utilizado. Quando o curso do MIT acabar, eu talvez volte ao Brasil para abrir uma empresa de pesquisa de percepção digital das coisas. Quem sabe...” “O que falta para a maioria das empresas é falar a língua das pessoas e ‘conversar’ com o comportamento da sociedade moderna”