Revista da ESPM

PONTO DE VISTA REVISTA DA ESPM | JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018 114 Dalton Pastore Seoexemplonãovemdecima, temdevirdebaixo E screvo este artigo em 13 de agosto de 2018. Completam-se hoje exatos quatro anosdoacidenteque tirouavidadoentão candidato à presidência da República EduardoCampos, numa tragédiaqueprovavelmente teve impacto em nossa história, assim como tive- ram as mortes inesperadas de outros líderes como Afonso Pena, Rodrigues Alves, João Pessoa, Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, Castello Branco, Costa e Silva, Juscelino Kubitschek, TancredoNeves e Ulis- ses Guimarães. Duas semanas antes da queda do avião que levava Eduardo Campos em plena campanha, eu havia estado ao lado dele toda umamanhã, participando do seminário que a empresa que eu mantinha em sociedade com Luiz Lara, a Corpora, realizou em parceria com o jornal O Estado de S.Paulo . Naquela manhã, Eduardo Campos fez um apelo aos cerca de 300 empresários e jornalistas presen- tes: “Não vamos desistir do Brasil”. Não quero, e não é o caso, manifestar nenhum tipo de preferência política ou ideológica, até por- que realizamos, naquela ocasião, seminários com outros candidatos, todos os que aceitaram nosso convite, já que o objetivo era ouvir as propostas de cada um. Mas vale hoje, talvez ainda mais do que há quatro anos, refletir sobre o apelo de Campos. Não faz nenhum sentido desistir do Brasil. Não se pode duvidar do desejo dos brasileiros por uma vida melhor e por um país mais digno. Vejo esse desejo manifesto com inegável clareza todos os dias em nossas salas de aula e nos corredores da ESPM. Essa mesma vontade que semanifesta silenciosamente por meio do trabalho, todos os dias, por milhões de pessoas em todos os cantos do país. Os brasileiros querem ordem e progresso. Alémda persistente crise econômica, que temde ser contingencial (nãohámal que sempre dure), e da crise de violência, que temde ser resolvida (o crime não pode ser e não é invencível), existe o desânimo, o pior de todos os inimigos. O desânimo nos tem levado a conclusões peri- gosas, como se estivéssemos todos sendo sugados por umburaco negro que se abre sob nossos pés. Um buraco que fica ainda mais profundo e ainda mais negro a cada novo caso de corrupção, a cada novo favorecimentoque as autoridades aprovampara elas próprias, a cada nova constatação de impunidade. Ficamais forte a cada brasileiro qualificado que vai embora para “fazer qualquer coisa” em outro país, a cada jovem talento atraído por uma universidade de um “lugar melhor”. Temos ouvidoque oBrasil é assimmesmo. Enão é. Temos ouvido que os políticos são todos iguais. E não são. Temos ouvido que somos todos um pouco cúm- plices. E não somos. Essa desesperança que alguma força estranha tenta nos impor parece ter o objetivo de nos fazer desistir de lutar por valores nos quais acreditamos. Parece querer nos levar à conclusão de que oBrasil é assimmesmo e que estamos destinados à pobreza, ao subdesenvolvimento e à desonestidade. Esse desânimo temde ser combatido. Brasileiros somos nós, nossos pais, nossos filhos, nossos colegas, nossos amigos. Gente honesta e trabalhadora. As verdadeiras autoridades do país, credenciadas a dar o exemplo. Dalton Pastore Presidente da ESPM marçal neto

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