Revista da ESPM

JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 25 líderes religiosos. Mas é também notável verificar que a religião e a política se entrelaçam, a ponto de o Velho Testamento ser para os historiadores umcompêndio da história política dos judeus. O que impressiona é o fato de que suas ideias, como já disse, influenciam a história política de seus povos, muito embora os dois outros pensadores, que tentaram aplicar sua teoria (Pitágoras e Confúcio), fracassassem de forma desconcertante, ao ponto de Pitágoras ter sido contestado como conselheiro do tirano de Crotona e Confúcio pela introdução filosófica da burocracia nos sistemas de governo. O bem e o mal, todavia, representam a marca da luta política, queconformaodireito, sendoquesuapercepção, nestadimensãocorreta, só foi apresentadapelosfilósofos gregos e, particularmente, pelos três que dominaram e dominamafilosofiaatéhoje:Platão,AristóteleseSócrates. Os três filósofos dividemos governos — o que se torna nítido em Aristóteles, que sintetiza o pensamento dos demais — em bons oumaus. Não é a forma de exercício do poder ou a forma de con- quista que faz de umgoverno bomoumau, mas seu exer- cício. Tanto é verdade que a classificação de umgoverno como bom ou mau independe das formas distintas de conquista e de exercício. De rigor, numa subdivisãomais ampla, são os gover- nos separados emseis grupos, a saber: monarquia, aris- tocracia e politia, formas boas, e democracia, oligarquia e tirania, formas más. Amonarquia é amelhor das formas boas e a tirania a pior das formas más, pois ambas representamgoverno de um homem só. Se bom o governo, a monarquia é excelente, porque o homembom, que governa, não tem problemas a dividir para obter consenso, mesmo com homens bons. Semau, ocorre o contrário, não havendo limite do exercício do poder. A segunda forma boa de governo é a aristocracia, ou seja, o governo de poucos, que se opõe à segunda forma menos ruim de governo, que é a oligarquia, também governo de poucos. Se os poucos dirigentes forem bons, tendem a criar umgoverno não tão bomquanto o damonarquia, posto que a média a ser ponderada gerará, fatalmente, uma soluçãomenos perfeita que a de umsó bomhomem, sem contestação. Se os homens foremruins, haverá a tendên- cia de tomarem, também, pela média ponderada, deci- sõesmenos ruins do que aquela tomada por umdéspota. Por fim, a pior forma de governo bom é o da politia, ou seja, o governo do povo bem escolhido, que, por buscar um consenso, terá de fazer maiores conces- sões. Nesse caso, fatalmente, as soluções não serão tão boas quanto as de um governo de um homem só ou de poucos. Volto à análise do EstadoModerno. As teorias que se debatem são, essencialmente, as teses contratualistas de Thomas Hobbes e Jean-Jac- ques Rousseau. O primeiro vendo no Estado a forma mais eficaz de, sem restrição dos direitos humanos, pacificá-los, em face da natureza humana tendente ao mal, enquanto Rosseau, a partir da natureza boa do homem, vê no Estado a mútua colaboração dos indi- víduos integrantes de um povo, para superar suas joão marcos rosa / nitro / latinstock OBrasil é umanação que teoriza a justiça social e pratica o corporativismo burocrático que inviabiliza seudesenvolvimento

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