Revista da ESPM

JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 31 O que fazer? Aquele que quiser reacender a fagulha de esperança que talvez permaneça oculta, mas potencialmente apta a se inflamar, precisará encarar amoribunda política parti- dária compioneirismo até omomento indemonstrado. Assumir a responsabilidade de um mandatário da Nação que temamaior biodiversidade planetária e pro- meter o retorno à ética ecológica que umdia já habitou este território e que foi paulatinamente banida, para atender a interesses imediatos e reducionistas. Fazer a parte de governo e tambémestimular a socie- dade a vivenciar o lema ambientalista do “pensar glo- balmente e fazer localmente” de forma muito precisa e firme em termos de educação ambiental, negligenciada e desconsiderada pelo Estado em seus três níveis. A Democracia Representativa já deu o que tinha para oferecer. É preciso cumprir a promessa do consti- tuinte e instaurar a Democracia Participativa. O povo tem de ter vez e voz na República. Adotar outros insti- tutos da democracia semidireta, como o veto popular e o recall , para cassar mandatos em pleno curso e tam- bém o recall judicial. Não fugir da realidade incontornável dequeumaRepú- blica com 35 partidos não funciona. E que o Fundo Par- tidário é uma excrescência. Que os filiados sustentem os partidos, se neles acreditarem. Repensar a Federação, que não pode contar comEsta- dos-membros que não tenhamreceita para se sustentar, nemmunicípiosque, semcondiçõesdesubsistênciaautô- noma, deveriamvoltar a ser distritos. Promover a educaçãocívicamediante conclamaçãode todos para o exercício de seus deveres, embora a Consti- tuição tenha prodigalizado os direitos e sidomódica em relação às obrigações. Ter coragem de falar a verdade e nãode repetir bordões que chegama enojar a lucidez res- tante, que ainda não desistiude oferecer o seu empenho, esforço e dedicação à restauração damoral nacional. Quanto à 4ª Revolução Industrial, ela só poderámere- cer adequado tratamento mediante uma educação que ainda não recebeu do governante a atenção, o carinho e a devoçãomerecida. A educação temsido tratada como problema, o professor como umreivindicante inimigo e o custo como despesa inócua, não como investimento. Embora a longo prazo, semum início revolucionário ela nunca mudará. O currículo precisa ensinar progra- mação simultaneamente à alfabetização. Pois o anal- fabetismo digital é cegueira tanto quanto o funcional. Investir emcriatividade, emcontemplaçãodo indivíduo, em propiciar trabalho em equipe, para que a interação produza resultados. Educação inclusiva, pois o excluído de hoje poderia ser alguém que pudesse fazer a diferença no futuro. A inteligência artificial já substituiu inúmeras ativida- des automáticas, mas o grande diferencial é que o ser humano possui sentimentos, intuição, empatia. Isso o robô não poderá prover, nem terá condições de substi- tuir a criatura pensante. Todos sabemos que a criaçãode uma cultura verdadei- ramente democrática será umprocesso de longo prazo. Afinal, oBrasil precisa édeuma reviravolta copernicana. Émais do que urgente uma verdadeira conversãomoral. Mas isso não é impossível, se a vontade de governar vier a ser a de um patriota, de alguém provido daquela matéria-prima tão em falta que é a ética. E nãomais um ambicioso desse poder mesquinho de se sobrepor aos semelhantes, ciente de que a vida deles continuará a ser tão insípida e semperspectivas como temsido até hoje. José Renato Nalini Reitor da Uniregistral, escritor e conferencista OParlamento é umcoletivoheterogêneo de representantes de setores que ali sustentamteses de interesse direto, que nemsempre coincidemcomo bemcomum rosalba matta - machado / shutterstock . com

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