Revista da ESPM
JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 35 de 2017. Fora do planejamento e da seleção de projetos de qualidade, oEstadopodesedaro luxode recuar epermitir queasempresasprivadas sirvamaosconsumidores, soba orientação e regulação transparente do governo. Para for- talecer suacapacidade, talvezsejanecessárioqueoEstado façamenos—masoquefizer,façamelhor.Oplanejamentoe a regulaçãosãoresponsabilidadesdoEstadoeoBrasil tem muitoamelhorarnasduasáreas.Emmuitoscasos,osservi- çospodemserprestadospelosetorprivado.Valelembrarque nembancos nem investidores pagampela infraestrutura. Sãoosusuáriose,casoastarifasnãocubramocustodoser- viço, oscontribuintesquecompartilhamopagamentopor serviços recebidos. Emsetores, como água e saneamento, os usuários deveriam contribuir mais para cobrir os cus- tos, comsubsídiosapenasparaas famíliasdebaixa renda. Os déficits no serviço de infraestrutura do Brasil são conhecidos.Oquemuitosaindanãotêmconhecimentoéo fatodequeessasreformaspoderiamgerarganhosdebilhões dereaisemeficiência.Ummelhorplanejamentoegerencia- mentopoderiagerarumaeconomiade0,7%doPIBnosetor detransportesede0,4%doPIBemáguaesaneamento,mais doqueosetorpúblicoatualmenteinvesteemambasasáreas. Emtemposderecursospúblicosescassos,oBrasilnãodeve ignorar essespotenciaisganhosdeeficiência. Aagendadereformasqueapresentamosaquipodeparecer desanimadora.Elanãoéapenascomplexa,mastambémum grandedesafiopolítico.Emboraosganhossuperemampla- menteoscustos,aagendapropostaaquitemopotencialde produzir ganhadores e perdedores. Sabemos que os perde- doressãomuitasvezesmaisbemorganizadoselutampara nãoperderos seusprivilégios. Enfrentandoessas resistên- cias, os novos líderes políticos precisarão deixar claro que aspessoashumildesserãoprotegidas.Paraqueoscidadãos e as empresas tenham tempo de se adequar, as reformas devemsergraduais,mascomprazosfixoseobjetivosclaros. O forte sistema de proteção social doBrasil é umativo que podeajudaraprotegerosmaispobresduranteatransiçãoe talvezdevaser temporariamenteexpandido, comoaponta o estudo Salvaguardas contra a reversão dos ganhos sociais duranteacriseeconômicanoBrasil ,doBancoMundial.Nesta análise de 2017, Emmanuel Skoufias, Shohei Nakamura e RenataGukovassugeremqueosmaispobrespoderiamser osmaioresbeneficiadosdasmedidaspropostasnesteartigo. As políticas voltadas para omercado de trabalho no Brasil podemserredirecionadasparapromoveramobilidadedos trabalhadores.Eosmercadosdecrédito,porsuavez,devem intensificaroapoioaempreendedoresjovenseinovadores. Depois de anos reparando balanços e gestão prudente deriscos, oBrasil tembancos fortesemercadosdecapitais domésticosmaisprofundosdoqueamaioriadeseuspares naregião,oquepodeajudarareativarociclodecréditocom baseemtaxasdejurosmaisbaixasemenosdistorçõesindu- zidaspelogoverno.Éimportantereconheceroprogressojá feitonestadireção,mas oBrasil ainda temmuitoamelho- rar. Assistência social direcionada e mercados de traba- lho e de capital que apoiem a realocação de recursos têm o potencial de acelerar os efeitos positivos da abertura do país, gerarnovas receitas tributárias (paraajudarnoajuste fiscal) edeixar a economiabrasileiramais ágil eflexível. StefanZweigchamouoBrasil de “paísdo futuro”. Agora queoBrasilseaproximado200ºaniversáriodesuaindepen- dência, o futuro chegou. As próximas eleições serão uma excelente oportunidade para o país discutir as escolhas que tempela frente. Estamosotimistas. Emnossaopinião, oBrasil conseguirásuperar seus trêsprincipaisdesafiose, comisso, adentrar emseu terceiroséculodeexistênciano caminho certopara se tornar umpaís de alta renda e com prosperidade para todos. Martin Raiser Diretor do Banco Mundial para o Brasil SeoBrasil fechar sua lacunadeprodutividadecomos EstadosUnidos, sua rendamédia per capita podeaumentar ematé178%oude19%a53%donível domercadoamericano shutterstock . com
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