Revista da ESPM
JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 45 em 2,5%. O fato é que o Brasil nunca teve uma participação expressiva no exterior, porque sempre foi uma economia fechada. Esta opção vem desde o tempo de Getulio Vargas, que decidiu industrializar o Brasil fechando as fronteiras. A exceção é o agronegócio. Somos muito competiti- vos na questão agrícola, por conta de muita pesquisa por parte da Embrapa, dos investimentos em infraestrutura e da capacidade empreendedora de pessoas que foram para Mato Grosso, Goiás, Maranhão e Bahia explorar áreas consideradas improdutivas. O que me preocupa é o fato de o Brasil ter uma política tributária e alfande- gária que obviamente deixa o país fora das cadeias produtivas. Revista da ESPM — É possível simpli- ficar esse processo e tornar o país mais amigável para se reintegrar na cadeia mundial? Fábio — É facílimo para um país com uma economia de quase US$ 2 tri- lhões, 210 milhões de consumidores e uma base industrial, agrícola e urba- nizada, como é o Brasil, se reintegrar aocomércioexterior. Nossopaís repre- senta um mercado de interesse para toda economia mundial. O que preci- samos é de uma reforma tributária que estimule essa integração e um estado de direito, com regras previsíveis e respeitadas, o que hoje está difícil de acontecer por aqui. A insegurança jurídica aumentounoBrasil e isso é ex- cludente. São problemas de difícil so- lução? Talvez. Mas são autoinfligidos. Não precisamos de ninguém de fora para resolver os nossos problemas. Revista da ESPM — A questão da con- fiança dos investidores é um pesadelo para o país, tanto do ponto de vista dos estrangeiros quanto dos próprios brasi- leiros. O que seria mais importante para começar a mudar esta situação? Fábio — Retóricas que causam inse- gurança ao futuro da propriedade privada, da tributação e das pri- vatizações levam a uma postura mais resguardada por parte dos investidores. Na medida em que você tem um horizonte mostrando que essas coisas estão assegura- das, ou seja, que temos a situação fiscal equilibrada e o estado de direito assegurado, o país volta a receber investimentos. Não é ver- dade que o Brasil não pode crescer. Ele precisa é ter pré-condições para isso. A retomada do crescimento já teria acontecido neste ano se não fossem um ou outro incidente polí- tico, a greve dos caminhoneiros e a eleição, que está deixando muitas incertezas na mesa. Revista da ESPM — Que cenário você enxerga para o Brasil em 2019? Fábio — Após as eleições, teremos uma liderança legitimada e um Con- gresso, que já está conscientizado do que precisa ser feito. Assim, com as reformas aprovadas, o país voltará a ter um ritmo de crescimento de 2% a 4%, que é compatível com o nosso nível de poupança e de educação. E é certo que o mundo que teremos pela frente será melhor do que o mundo que tivemos até agora! avigator thailand / shutterstock . com É facíl para um país comuma economia de quase US$ 2 trilhões, 210 milhões de consumidores e uma base industrial, agrícola e urbanizada, como é o Brasil, se reintegrar ao comércio exterior
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx