Revista da ESPM

JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 61 dominic labbe / shutterstock . com A partir do começo deste século, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiçãomultila- teral destinada a preservar a pazmundial, pas- sou a se preocupar coma segurança alimentar. Percebeu que não haverá paz onde houver fome, e as recen- tes e trágicas ondas demigrantes da África, Ásia e Oriente Médio para a Europa são a prova mais recente desta ver- dade. Por isso mesmo a ONU lançou o estudo segundo o qual no ano 2050 haverá mais de nove bilhões e meio de habitantes na Terra e, para alimentar todos, será preciso aumentar a produção de comida em até 70%. Dada a explosão de novas tecnologias agrícolas, que vêm surgindo em instituições públicas de pesquisa e em empresas privadas, é muito difícil fazer qualquer previ- são dessa natureza para um espaço de tempo tão amplo quanto o exercitado pela ONU. Por isso, em 2010, a Orga- nização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) montou um projeto, olhando dez anos à frente, e concluiu que para este período seria necessário aumentar a produção de alimentos em 20% para garantir segurança alimentar global. E mostrou que não seria tão fácil alcan- çar esta meta, dado o fato de que nos grandes países pro- dutores e na União Europeia a produção dificilmente cres- ceria mais de 15%, cabendo ao Brasil a responsabilidade de aumentar a sua produção em 40%. Esta possibilidade, diz a OCDE, se deve ao fato de o Brasil ter terra disponível para aumentar a área cultivada, uma tecnologia tropical sustentável, que vem aumentando a produtividade por hectare, e gente competente em todos os elos das cadeias produtivas do agronegócio. Acompanhando este estudo da OCDE, o Departa- mento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) apon- tou neste ano suas previsões em direção parecida. O Canadá poderá oferecer 9% mais alimentos nos próxi- mos dez anos, os Estados Unidos, outros 10%, a União Europeia, 12%. China, Índia e Rússia deverão ofertar mais 13% em média e a Oceania, mais 9% . Com tais números, o Usda acredita que, para haver oferta equili- brada de alimentos ao mundo, cabe ao Brasil aumentar a sua em 41% em dez anos.

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