Revista da ESPM - OUT-NOV-DEZ_2018

OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 13 envelhecer de forma ativa e mais consciente de seu papel social, emum processo completamente diferente do que nossas mães vivenciaram ao envelhecer. Esta é uma geração que vai continuar revolucionando o mercado porque adotou o conceito de juventude como estilo de vida, que acabou refletindo na forma de vestir e nos hábitos comportamentais de toda essa geração. E provavelmente vai continuar nesta fase da vida, porque não querem, por exemplo, usar as roupas criadas para o público idoso. Também não querem um celular com visor e teclas maiores, desenvolvido exclusivamente para os mais velhos. A moda, assim como os demais bens de consumo, precisará se reinventar e unir beleza, inovação, design e novas funcionalidades para atender os de- sejos dos novos elderly boomers . Como estamos vivendo mais e por mais tempo, a pergunta é: quem vai pagar a conta da previdência? Ou ainda cuidar dos idosos frágeis e acamados? Tudo precisará ser redimensionado, porque essa é uma geração que não quermorrer cedo, nemficar velha! Revista da ESPM — Nossa sociedade está preparada para responder às novas demandas geradas pelo envelhecimento? Ana Amélia — Viver mais é uma grande conquista social, mas vá- rios países estão tendo dificuldades para aproveitar esse momento e, principalmente, encontrar novos papéis sociais para os seus idosos. Até porque não basta pôr o idoso para trabalhar por mais tempo. É preciso verificar em que condições ele irá trabalhar, se vai acompanhar a evolução tecnológica do seu depar- tamento ou ainda se está com sua saúde emdia. Em termos de políticas públicas, precisamos pensar em qua- lificar essa mão de obra mais velha. Revista da ESPM — De que maneira o envelhecimento da população e, con- sequentemente, da forca de trabalho pode resultar em um crescimento mais lento da produtividade e uma diminui- ção do PIB per capita? Ana Amélia — Não existe um con- senso sobre issona literatura. Alguns autores dizem que a diminuição de jovens no mercado de trabalho pode, sim, ocasionar um crescimentomais lento da produtividade, por conta da maior dificuldade que a população mais velha tem em acompanhar as mudanças tecnológicas. No entanto, outra linha de estudiosos afirma não existir evidência empírica desse im- pacto negativo. De concreto, temos a redução no número de nascimentos e da população jovem, que sabemos ser mais propensa e sensibilizada com as mudanças tecnológicas. Revista da ESPM — Quais as conse- quências desse aumento da expectativa de vida da população no mercado de trabalho brasileiro? Poderemos temer um desemprego aindamaior entre os jovens? Ana Amélia — A única certeza é que a população idosa vai continuar a crescer. O idoso de amanhã já nasceu em um país com taxa de fecundidade em queda e índice de mortalidade em processo de redução acelerada! En- tão, amenos que tenha uma guerra ou alguma catástrofe, em 2030 o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo. A forma como os idosos irão sobreviver no futuro vai depen- der não só da questão da previdência, mas também de investimentos em três áreas básicas: educação, saúde e segurança. O Brasil precisa melhorar o seu sistema de saúde, para que a população tenha condições de cuidar do seu bem-estar ao longo da sua vida e não apenas quando chega ao fim da vida. O país também necessita inves- tir em educação, para possibilitar ao new africa / shutterstock . com A forma como os idosos brasileiros irão sobreviver no futuro vai depender da questão da previdência, mas tambémde investimentos emtrês áreas básicas: educação, saúde e segurança

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