Revista da ESPM - OUT-NOV-DEZ_2018

TECNOLOGIA REVISTA DA ESPM | OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2018 34 porquenãoconfianoaplicativo. Eles tambémresistemaos aplicativos de banco. “Vou resistir enquanto der”, diz Ana Paula,de68anos,quepreferepagarsuascontasnoscaixas eletrônicos.Paramuitosdeles,inclusive,o internetbanking é umdosúnicosmotivosquefazemcomqueelesseconectem viacomputadoresoulaptops.IssoeoNetflix.Elesatéusam o aplicativo para pesquisar filmes e séries e para atualizar sua lista de títulos favoritos, mas, na hora de assistir, eles preferemo laptop ou a smart TV. “A tela émuito pequena”, dizBárbara,de63anos.Porcausadotamanhodatela,mui- tosdeclaramnãolerlivrosnossmartphones,umalimitação vencida pela música. Entre meus informantes, a maioria possui Spotfy ou pensa embaixar o aplicativo e todos têm pelomenosumaplicativode rádio instalado. Adecisãosobreosaplicativosé influenciadapelos inte- resses individuaisdecada informante. Rose, 71anos, está usandoumaplicativoparareconstruiraárvoregenealógica desuafamíliaemedissequenopassadousouumaplicativo para lembrá-la de beber água. Laura, 55 anos, usa umapli- cativodecriaçãodeavatarespara ilustrar suasmensagens noWhatsAppeusaumaplicativoparamonitoramentoda geolocalizaçãodosmartphonedamãe. Carla, 63anos, usa umaplicativosimilarparaconferiralocalizaçãodomarido, da filha e do cunhado, alémde adorar umas comprinhas peloWish. Jonas, 57anos, estábuscandouma recolocação profissional, então prioriza o LinkedIn e diversas contas de e-mail, além do Dropbox, para poder anexar o currí- culo, tudo pelo smartphone. Otávio, 71 anos , e Rossana, 57anos,usamerecomendamoWhoscallparaevitartrotes e ligações indesejadas. Jânio, 77anos, temtrês aplicativos de organização de agenda, todos sincronizados com sua agendaGoogle. Doismarcamseus compromissos futuros eumdelesmarcaseudesempenho, ouseja, seelecumpriu os compromissos e atividades que assumiu na semana. Wanda,63anos,tambémpriorizaosplanejadores,alémde umaplicativoparaCanvas,jáquesepreparaparalançar-se como empreendedora emuma startupde telemedicina. Um ponto interessante é que, apesar de o Brasil ser apontado como o maior mercado de mobile health da América Latina, não é frequente o uso de aplicativos de saúde entre meus informantes. Entretanto, a preo- cupação com a manutenção da autonomia na velhice se reflete no consumo intenso de aplicativos para exercício da memória — um achado coerente com os resultados da pesquisa Datafolha que identifica ser a dependência física e mental o maior medo dos idosos, superando o medo da morte. O estudo mostra que 84% dos entrevistados têmmedo de depender fisicamente de alguém, 83% temem a dependência mental e 78% a dependência financeira. O levantamento indica ainda que 71% dos brasileiros não temem a velhice e 74% da população não temmedo damorte. Apesquisa completa é descrita na reportagem Brasileiros não temem a morte, mas a dependência, mostra Datafolha , publicada no site do jornal Folha de S.Paulo , em 29 de janeiro de 2018. Emmeio a tanta diversidade de aplicativos, há uma pai- xãocomumentremeusinformantes:avontadedecontinuar aprendendo.Oaprendizadoestápresentenossmartphones, principalmente com os aplicativos de idiomas, e o Duo- lingo é omais frequente entre eles.Mas a disposiçãopara aprender tambémultrapassa o dispositivo. No distrito da VilaMariana, onde realizopesquisadecampo, aofertade Agrande limitaçãopara a adoçãoda tecnologiamobile por idosos não é a falta de capacidade de aprendizado. Trata-se principalmente da faltade confiança

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