Revista da ESPM - OUT-NOV-DEZ_2018
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 77 ROBERTO DUA I L I BI | DPZ&T Ele temmuitahistória boaparacontar! Roberto Duailibi, o “D” da agência DPZ (atual DPZ&T) e membro da Academia Paulista de Letras, traça um perfil do público sênior e demonstra como o marketing poderia aproveitar o potencial de mercado que esses consumidores representam Mercado sênior “Tenho hoje 83 anos de idade, continuo trabalhando intensamente, viajando, dando palestras e produzindo conteú- do. Até uma geração atrás, idoso era alguém que havia atingido 65 anos de idade, se tivesse sobrevivido até esta idade, e, na maioria dos casos, estava condenado a ficar em casa esperando a morte. Hoje são milhões de pessoas como eu nos grandes centros urbanos do mundo todo e, com o desenvolvi- mento da medicina e a produção em massa de remédios, mesmo em cida- des menores de todos os continentes. Lembro da primeira pesquisa sobre life spam feita no Brasil, por volta de 1952, quando a média de vida do brasileiro era de 55 anos. Hoje é de 75! Idoso na publicidade “Durante muito tempo, os meios de comunicação e as campanhas publi- citárias trataram esse público como secundário. Como omundomudou, vá- rios públicos deixaramde ser margina- lizados ou olhados de maneira precon- ceituosa pela comunicação. Os hábitos mudaram. Hoje pessoas com idade avançada frequentam academias, via- jam, dançam, bebem e têm vida sexual saudável, embora se saiba que ainda há muito preconceito latente, o que eu chamaria de gerifobia. A importância na economia dá aos idosos uma condi- ção muito mais abrangente em termos de comunicação. Por exemplo: a propa- ganda de turismo não deve ignorá-los, nem as indústrias automobilística, farmacêutica e do entretenimento. Hospitais, shoppings, a televisão, a imprensa, o setor bancário, a área de seguro e, sem piada, até as funerárias e os cemitérios devem ter estatísticas sobre os clientes acima de 65 anos.” Imagem na sociedade “O idoso, ao contrário do que muitos imaginam, não é um ser de outro pla- neta. É um consumidor normal, com hábitos normais, que interage nas redes sociais, usa tablet, computadores e smartphones. Eu até piloto drones! E ainda há pessoas que imaginam o idoso com o estereótipo do velho, de benga- la, com problemas de locomoção. Até mesmo os signos de trânsito mostram os idosos curvados com uma bengala. Acontece que boa parte hoje leva uma vida saudável, pratica exercícios, fre- quenta lugares da moda, não precisa estar com jovens, tem seus próprios grupos. Omundo mudou e todos os paí- ses avançados já se deram conta de que essa nova realidade precisa ser vista e aproveitada do ponto de vista do consu- mo e domarketing.” Consumo “As agências deveriam olhar para esse público com redobrado interesse. Até porque os maiores compradores de carros de luxo e motos Harley Davidson são pessoas mais velhas, com vida esta- bilizada. Quem hoje pode viajar por ter recursos e tempo? Eu fiz um cruzeiro recentemente ao Polo Sul e no transa- tlântico 90% dos quatro mil passageiros tinhammais de 60 anos. Quando eu era adolescente, uma pessoa de 45 anos já era considerada velha. Hoje esse con- ceito caiu por terra. Há muitos idosos se casando agora, trabalhando, empreen- dendo, fazendo coisas que muita gente, há pouco tempo, achava impossível. A própria idade média da população mun- dial cresce a cada ano por vários fatores, que vão além do fato de viver numa ilha daGrécia onde se consomemuito azeite de oliva. Logo, o mercado de consumo deve fazer mais pesquisas sobre esse público e olhá-lo com o enorme poten- cial que representa.” Case de marketing “Nunca tratamos de forma diferencia- da o público mais velho. Não é preciso dirigir a campanha para esse target, que só não pode ser ridicularizado e aparecer fazendo acrobacias próprias de jovens. Um comercial recente que trabalhou bem essa questão da idade foi o da Heineken, em uma campanha de conscientização protagonizada pelo ex-piloto Jackie Stewart, que aos 79 anos aparece em plena forma, dirigin- do um Jaguar e a assinatura: When You Drive, Never Drink .”
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