Revista da ESPM - OUT-NOV-DEZ_2018
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2018| REVISTADAESPM 83 A tualmente, os países da América Latina e do Caribe atravessam um período de tran- sição demográfica em que se altera dra- maticamente a estrutura etária da popu- lação, a partir de declínios acentuados na proporção de crianças e no aumento do número de idosos. Con- siderando que as atividades econômicas das pessoas estão fortemente ligadas ao seu estágio no ciclo de vida, as mudanças na estrutura etária da população costumam ter um impacto significativo no desen- volvimento econômico. Embora os países da região se encontrem em está- gios variados de sua transição demográfica, a maio- ria está passando por um período particularmente favorável ao desenvolvimento econômico, conhecido como dividendo demográfico, no qual a proporção de pessoas em idade ativa aumenta em relação ao resto da população. Esse período benéfico será seguido — mais cedo em alguns países e mais tarde em outros — por um período de rápido envelhecimento popula- cional que trará novos desafios sociais e econômicos. Oaproveitamentododividendodemográficopodecon- tribuir substancialmente para a criação das condições produtivas, das instituições financeiras e sociais e dos sistemas de proteção social necessários para enfrentar os desafios econômicos associados ao envelhecimento da população. Este aproveitamentodepende, no entanto, da implementação de políticas pertinentes e efetivas que promovam, por exemplo, investimentos emcapital humano dos jovens e, aomesmo tempo, os posicionem para uma maior produtividade econômica ao longo de sua vida profissional. Isto inclui a participação plena e igualitária das mulheres e, portanto, ações políticas concretas que promovam a igualdade de gênero. Aproveitar as oportunidades e responder aos novos desafios apresentados pela transição demográfica exige políticas voltadas para o futuro que levem em conta a dinâmica populacional. Mas é impossível adotar polí- ticas de melhoria de vida da população sem levar em conta o tamanho, o ritmo de crescimento, a distribui- ção espacial, a composição e a estrutura etária das gerações futuras. Entre as três grandes tendências demográficas que irão influenciar significativamente o mercado de consumo em todo o mundo estão: o aumento significativo da esperança de vida; a drástica dimi- nuição da fecundidade; e a população parar de cres- cer e passar a envelhecer rapidamente. A redução dos níveis de mortalidade foi o gatilho para a transição demográfica. Tal redução deveu-se, principalmente, às transformações socioeconômi- cas e culturais, à melhoria das condições de vida em geral, ao aumento da população urbana, ao aumento do nível educacional e à disponibilidade de tecnolo- gia em saúde. A diminuição da mortalidade tradu- ziu-se num grande aumento da esperança de vida ao nascer, aumento esse que tem sido constante desde a segunda metade do século passado e tende a con- tinuar crescendo neste século. Nos últimos 65 anos, a média de vida dos habitan- tes da região aumentou 23 anos. A população da Amé- rica Latina e do Caribe passou de uma esperança de vida ao nascer de 52 anos no período 1950-1955 para 75 anos no quinquênio 2015-2020, cifras similares às observadas no Brasil (51 e 76 anos, respectivamente). De acordo com as projeções doWorld Population Pros- pects: The 2017 Revision, da ONU, para o quinquênio 2040-2045, a esperança de vida regional deverá alcan- çar os 81 anos. Já entre 2070 e 2075 chegaremos aos 85 anos (82 e 88 anos, respectivamente, no caso do Brasil). Embora o aumento na esperança de vida seja expli- cado inicialmente pela redução da mortalidade infan- til, cada vez mais se deve a um aumento da longevi- dade. Por exemplo: a esperança de vida aos 60 anos na América Latina e no Caribe aumentou sete anos entre os períodos 1950-1955 e 2015-2020. Atualmente, a esperança de vida média aos 60 anos se aproxima da observada nos países desenvolvidos (21 anos no caso dos homens e 24 anos para as mulheres, segundo estimativas para 2015-2020). Por outro lado, a forte redução da fecundidade foi a principal característica da transformação demográ- fica regional na segunda metade do século 20. Entre o início da década de 1960 e os dias atuais, a região Se o século 20 foi o do crescimento da população na América Latina, o século 21 será sem dúvida o do envelhecimento populacional
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