Revista de Jornalismo ESPM
12 JANEIRO | JUNHO 2020 foi debaixo do frio de uma manhã de outubro de 2018, em uma cal- çada da rua 42 em Manhattan, que percebi que o jornalismo estava per- dendo a guerra contra a desinformação. Estava ali para participar de um experimento que iria testar o poder de fake news. Estou falando de notí- cias falsas de verdade, do tipo que deturpa e desinforma – não no sentido usado por Donald Trump. Será que a reação das pessoas a mentiras seria diferente se fossem retiradas da internet e colocadas diante delas, impres- sas, em uma banca de jornal emManhattan? Quem passasse por ali nota- ria? E será que se importaria? Naquela manhã, umpunhado de nós, da Columbia JournalismReview , junto com um pessoal da agência de publicidade TBWA\Chiat\Day, estávamos ocupando uma banca. Deixamos refrigerantes, salgadinhos e bilhetes de loteria onde estavam, mas trocamos todos os jornais e revistas por publicações falsas, parecidas visualmente commeios legí- timos, porém com um conteúdo absurdo. “Texas é reconhecido como estado mexicano”, anunciava a capa de uma revista feita para parecer a New York . “Opiáceos na água da torneira”, estampava um título que parecia ser da The Economist . “Clube de luta de bebês”, proclamava um tabloide sensacionalista acima de uma foto com duas criancinhas aparentemente se atracando. Feito isso, ficamos à espera de clientes. Fui para um lado, tremendo de frio – tinha vindo com o casaco errado. Em um espaço de horas, cente- nas de pessoas passaram por ali. Mais ou menos umas 20 pararam para Além dos fatos por kyle pope olhar. Fizemos o possível, meus colegas e eu, para iniciar uma con- versa, para saber sua opinião sobre o que tinham visto. As respostas se dividiram basi- camente em duas categorias: uma parte das pessoas leu asmanchetes, viu que eramestranhas, mas, como tinha tão pouca fé na imprensa, não deu muita bola para a informação O que a imprensa pode aprender na guerra contra a desinformação SHUTTERSTOCK
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