Revista de Jornalismo ESPM
REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 17 propaganda política legítima e até fábricas de trolls com fins lucrati- vos abriam caminho para um ecos- sistema social cada vez mais opaco e movido por algoritmos. De lá para cá, meios como o BuzzFeed transformaram a inves- tigação da desinformação em pla- taformas sociais em uma possante editoria de mídia. Novas técnicas e tecnologias utilizadas por repórteres investigativos de tudoquanto émeio – do New York Times ao site inde- pendente Bellingcat – já ajudarama rebater informações conflitantes em episódios como o abate de umavião daMalaysia Airlines e o assassinato do jornalista saudita Jamal Khasho- ggi. Profissionais comoGlennKess- ler, no WashingtonPost , eLindaQiu, no New York Times , se dedicam a verificar notícias que seus colegas estão simultaneamente apurando. Fora das redações, há dinheiro sendo investido na criação de novas organizações de combate à desin- formação. Há, hoje, uma indústria filantrópica de fact-checking ban- cada por Google, Facebook e fun- dações sem fins lucrativos. No ano passado, segundo o censo da Duke, de 47 organizações de checagem de fatos, 41 pertenciam ou eram afiliadas a uma empresa de mídia; este ano, são 39 de um total de 60. Ou seja, o número de organizações de checagem de fatos está cres- cendo, mas seu vínculo com veícu- los tradicionais de imprensa está enfraquecendo. Quando Trump venceu a disputa e apareceramrelatos –muitos deles noticiados por Craig Silverman, do BuzzFeed – sobre a possível influ- ência de fake news na eleição, um grupo de organizações de fact-che- cking foi bater à porta do Facebook. Executivos da rede social aceitaram trabalhar com o grupo hoje conhe- cido como International Fact Che- cking Network (IFCN), uma enti- dade sem fins lucrativos abrigada no Poynter Institute, para recru- tar e gerenciar um exército de veri- ficadores que denunciariam casos de desinformação empostagens no Facebook. Umchecador poderia optar entre verificar o conteúdo postado pelas métricas obtidas no dashboard do Facebook (a um ritmo de mais de doismil ao dia, comummesmo post aparecendo com diferentes URLs) ou adotar um outro método. Hoje, já sãomais de 55 entidades envolvi- das. O Facebook não revela quanto paga a cada uma, mas a Snopes, que parou de trabalhar com a rede em fevereiro do ano passado, disse ter recebido US$ 100 mil do Facebook em 2017 e US$ 406 mil em 2018. A FactCheck.org disse que recebeu US$ 188.881 em2018 eUS$ 242.400 no ano passado. Na fase inicial do projeto, houve frustraçãoentrechecadorespela falta de transparência na relação com o Facebook. Em um relatório para o ILUSTRAÇÃO: JAKIE FERRENTINO
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