Revista de Jornalismo ESPM
38 JANEIRO | JUNHO 2020 apandemiadocoronavírus trouxe consigo outroproblema de altíssima gravidade:apandemiadadesinforma- ção, que também apresenta um alto risco para a saúde e a vida dos seres humanos. Informações e crenças descontextualizadas e erradas, vei- culadas em redes sociais e aplicati- vos como oWhatsApp, podem levar pessoas àmorte. Foi oque aconteceu no Irã no iníciodemarço, quando ao menos 40pessoasmorreramintoxi- cadas depois de beber álcool adulte- rado, por acreditar em um boato de que a prática poderia curar a temida Covid-19. Há, porém, uma boa notícia. Dife- rentementedapandemiado corona- vírus, para o qual os cientistas ainda buscamacura, existeumantídotoefi- caz para combater a desinformação: o jornalismo de qualidade. Núme- ros recentes da busca por informa- ções confiáveis sobre o coronavírus mostrama forçadosmeios de comu- nicação que praticam jornalismo profissional no Brasil e indicamque a imprensa pode estar vivendo um momento importante de recupera- ção de sua credibilidade, após anos de dificuldades, emmeio a perda de protagonismonadivulgaçãodenotí- cias, crise no modelo de negócios, concorrência desleal das chamadas fakenews e ataques permanentes de poderosos que sentem seus interes- ses ameaçados pela existênciadeum jornalismo independente. Os meios de comunicação, como todos os outros setores da socie- O combate à pandemia da desinformação Crise do coronavírus impõe uma nova e adversa rotina aos jornalistas, que lutam para combater um surto tão grave quanto a doença que mudou o mundo: a propagação de notícias falsas e descontextualizadas dade, foram fortemente impactados pela pandemia do coronavírus. Com umapeculiaridade: emumcenário já adverso de trabalho, com redações cada vez mais reduzidas e sob cons- tante ataque de representantes do poder e seus simpatizantes, os pro- fissionais de jornalismo precisaram, de uma hora para outra, se adaptar para, em condições ainda mais difí- ceis, trabalhare levaraopúblico infor- maçõesdequalidade, apuradaseche- cadas coma responsabilidade social que a atividade requer. No dia a dia das redações, em poucas semanas as práticas muda- ram radicalmente. Desde meados de março, quando a propagação do coronavírus no país ganhou força, o assunto tomoucontade todas as edi- torias regulares dosmeios jornalísti- cos. Seções de economia, esportes ou artes, por exemplo, passaram a tra- tardocoronavírus comosua temática principal, retratando o impacto nas atividades econômicas, no emprego e na renda, nas competições esporti- vas, nos espetáculos culturais. As redações e seus profissionais tiveram de se adaptar. A decretação de novas formas de funcionamento das cidades por governos estaduais e prefeituras, a necessidade de preser- var seus profissionais da exposição a riscos de contaminação e a urgência de manter seus produtos jornalísti- cos ativos fizeram com que as reda- ções adotassemmedidas que afetam a forma de atuação do jornalista. A começar pelo isolamento social, um dospilaresparaaprevençãodaCovid- 19 segundo autoridades de saúde. Trabalhar em home office passou a fazer parte do cotidiano da maioria dos jornalistasdegrandesveículosde comunicaçãobrasileiros. Nestenovo cenário, profissionais maiores de 60 por antonio rocha filho ENQUANTO ISSO NO BRASIL...
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