Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 41 rádioCBN, fizeramreportagensmos- trandoque a gravaçãodovídeo tinha sido feita numsábado, dia demenor fluxo de pessoas, e que o funciona- mento e o movimento no local esta- vam normais. O presidente apagou a publicação de seu Twitter e pediu desculpas. Semanas depois, no domingo de Páscoa, 12 de abril, Bolsonaro fez uma live nas redes sociais com lide- ranças religiosas, que foi na contra- mão de todos os prognósticos de especialistas e das autoridades de saúde: “Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus”. Naqueledia, oBrasil tinha 1.223mor- tos pelaCovid-19 e 22.169 casos con- firmados da doença. Uma semana depois o número de mortos tinha subido para 2.462 e o de pacientes infectados, para 38.654. Diante da gravidade da pandemia e num cenário em que as próprias autoridades divulgam informações inverídicas, os meios de comunica- ção agiramrápido. Os principais jor- nais brasileiros abriram totalmente seu conteúdo on-line relativo ao coronavírus, derrubando as barrei- ras de acesso restrito ( paywall ) para assinantes. Amedida segue o que foi adotadopelos veículosdecomunica- ção em todo o mundo. Além da cobertura diária sobre a pandemia, os veículos de comuni- cação começaram a oferecer novos produtos específicos voltados para o coronavírus, comonewsletters (caso do Boletim Coronavírus, do Nexo Jornal ) e podcasts (como o Luz no FimdaQuarentena, da revista Piauí ). Osesforçosparacombateradesin- formação envolvema união de dife- rentesmeios de comunicação, como a nova fase do Projeto Comprova, que foi iniciada emmarço para con- ferir informações sobre a Covid-19. A iniciativa é uma coalização que envolve 24 veículos de comunica- ção, entre eles O Estado de S.Paulo , Band e UOL, e trabalha com o obje- tivo de aumentar o alcance de infor- mações verdadeiras, a partir de um jornalismo colaborativo. Apreocupaçãocomadisseminação das chamadas fake news feita pelos próprios representantes do poder levou os responsáveis por agências de checagem de fatos e núcleos de verificação de veículos de informa- ção a divulgarem, em 8 de abril, um manifesto em que fazem um alerta. Como título “Autoridades, paremde distorcer fatos”, o texto, assinadopor representantes de seis instituições, entreelesCristinaTardáguila (Inter- national Fact Checking Network), destaca que as autoridades brasilei- ras “contribuem de forma expres- siva para o avanço da desinforma- ção”, ao produzir, endossar ou com- partilhar dados errados sobre vaci- nas, distanciamento social e origem do coronavírus. A pandemia de desinformação sobre a Covid-19 exige um esforço adicional das agências de checagem, hoje uma importante área de atua- ção para jornalistas. Elas têm mul- tiplicado publicações para conferir o que circula nas redes. Proliferam nas páginas de agências como Lupa e Aos Fatos desmentidos sobre boa- tos. A Lupa apontou como falsa, em 16 de abril, por exemplo, a informa- çãodequemédicosde30países ates- taramaeficáciadacloroquinano tra- tamento do coronavírus. Os esforços dos meios de comu- Embate Jair Bolsonaro Desde o início da pandemia do coronavírus, o presidente tem usado as redes sociais para se manifestar contra o isolamento social e defender a retomada das atividades do comércio e das empresas, como forma de evitar a explosão do desemprego no país. ILUSTRAÇÃO: SAULO CRUZ

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