Revista de Jornalismo ESPM
50 JANEIRO | JUNHO 2020 qualidade pode ser o fiel da balança entre viver oumorrer. Chance única para o jornalismo Claro que esses números não signifi- camque as pessoas vãoparar de pro- duzireenviarfakenews,boatosesan- dices pelas redes sociais. Porém essa pode ser uma oportunidade de ouro para o jornalismo sedescolar deuma vezdoqueseconvencionouchamarde “conteúdo” e restabelecer nas socie- dades o seu valor. Afinal, trata-se de umbichodeespéciedistinta.Easpes- soas estão voltando a enxergar isso. Em um passado não muito dis- tante, um terremoto fez com que o jornalismo tivessede concorrer com entretenimento, publicidade, boatos, memes,fakenews,conteúdodemarca ou patrocinado, esportes, ofertas de venda, produções de bloggers, vlog- gers, youtubers, influencers, posts em redes sociais etc. Isso aconteceu lá no início deste século, com a explosão das redes COMBATE À DESINFORMAÇÃO Pesquisa da ONU revela os principais boatos relacionados à Covid-19 realizada em parceria entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e o International Center for Journalists (ICFJ), uma pes- quisa divulgada no início de maio apontou as maiores fake news geradas ao longo da pandemia – e que alimentam o quadro de desinfodemia. Veja os nove temas- -chave do que eles chamam de desinfodemia: 1 - A origem do vírus: as fake news vão desde a manjada conspiração de tratar-se de vírus criado em labora- tório para servir como arma química em uma guerra biológica até a esta- pafúrdia disseminação do coronaví- rus pela redes 5G. 2 - Estatísticas falsas ou que compa- ram bases incomparáveis para pio- rar ou atenuar a situação de contá- gio ou mortes de um país ou cidade. 3 - Impactos econômicos: dados falsos ou conclusões errôneas, geralmente voltados para explicar como o isolamento não é economi- camente justificável. que pegam carona nas informações reais para parecerem verdadeiros. 2 - Narrativas emocionais e memes: apesar de quase sempre embutirem fragmentos de informações reais, as distorcem ou ressaltam de modo a criar impacto, tirando dados do con- texto e misturando a opiniões sem comprovação. 3 - Fontes ou informações inven- tadas: quem nunca recebeu uma informação em que ummédico, por exemplo, é citado como fonte – mas ele ou não existe ou, se existir, nunca disse aquilo? Ou informações que indicam como fontes outros sites (geralmente apócrifos) que buscam dar um verniz de verdade a informa- ções inventadas. 4 - Inundação de informações fal- sas que apelam ao posicionamento das pessoas, por meio de campa- nhas organizadas e amplificadas de modo artificial e espalhada por bots ou trolls . O link para a pesquisa completa está em https://en.unesco.org/ sites/default/files/disinfodemic_ deciphering_covid19_disinforma- tion.pdf 4 - Ataques ao mensageiro: jornalis- tas e veículos sendo atacados com objetivo de desinformação política. 5 - Sintomas, diagnósticos e trata- mentos: o tipo de desinformação que leva à morte. 6 - Impactos na sociedade e no meio ambiente, geralmente objetivando o pânico. 7 - Politização da pandemia, geral- mente envolvendo a real necessi- dade ou a duração do isolamento. 8 - Conteúdos que visam golpes financeiros. 9 - Uso de celebridades para criar fake news relacionadas à doença. O estudo ainda aponta os quatro for- matos nos quais vêm embaladas as desinformações sobre a Covid-19: 1 - Dados inventados ou alterados: emmeio a tantas informações, apro- veitam para dar um aspecto distor- cido, inventando dados e histórias
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