Revista de Jornalismo ESPM
REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 53 Não aposte suas fichas no fim da história Quemjápercebeuqueoesvaziamento dasmídiaseveículos tradicionaisnão significa o fim da linha para o jorna- lismo já começou a se mexer. Não é rarovermosjornalistasdegrandesveí- culoseemissorastrocandooconforto do sobrenome por aventuras empre- endedoras e de plataforma. Em julho do ano passado, o lança- mentodoClickTubeBrasil conseguiu reunirumtimeestreladoparaolança- mentodeseucanalnoYouTube,onde opioneirofoioMyNews.Tudoinicia- tivadePauloAmaral,quecomandouo jornalismodaGlobopormuitosanos. Para os que ainda insistemna can- tilena,umsimplessegundoolharpara os negócios emovimentos empresa- riais recentes é o suficienteparaper- ceber quehá algoque passoubatido. Enquanto se chorava pelo leite der- ramado, vimos grandes empresas (queNUNCA, JAMAIS,EMTEMPO ALGUMfazemnadaquepossasigni- ficarperdadedinheiro)olhandopara o negócio do jornalismo e da infor- mação com apetite voraz. Jeff Bezos não é um novo rico mimadoque, em2013, resolveucom- prarumjornal paraganharumlustro que ser donodamaior loja virtual do planeta não poderia dar. Tanto que, emfevereirode2018, o TheWashing- tonPost apareceuemoitavo lugar na lista das empresas mais inovadoras do mundo (World’s Most Innova- tiveCompanies). Ou seja: não é uma brincadeira... Aqui no Brasil, alguns movimen- tos semelhantes mostram que talvez o jornalismonão seja assimtão “mau negócio”. Quando a XP (leia-se Itaú) investenumaplataformacomoaInfo- Money,háqueseprestaratenção.Não se convenceu? Que tal lembrar que a Enforce(controladapeloBTGPactual) comprouaAbril, emplena recupera- ção judicial–eopróprioBTGPactual tratou de comprar a Exame ? Ainda temdúvidas? Talvez possa se convencer com o desembarque da CNN no Brasil, a bordo de altos investimentos da construtoraMRV (leia-se Banco Inter). E com uma voracidade tamanha (contratou ou sondou todomundo que impor- tava nomercado) que levou a pode- rosa Globo a remodelar toda a pro- gramação de seu prestigioso canal GloboNews. Nenhuma destas empresas cita- das nos últimos parágrafos entra em qualquer negócio commorte anun- ciada. Ougastadinheiroa fundoper- didopara tentar ressuscitarnegócios moribundos.Ouseja: nenhumadelas entrounonegóciode jornalismopara perderumcentavoqueseja. Podemos especular (e comboa dose de razão) que informaçãoépoder –eque esses negócios servirão para esse fim. De qualquer forma, o fato é que esses investidores enxergam viabilidade no negócio. Portanto, acho que, no fimdodia, a cantilena “o Jornalismo morreu” não passa de... cantilena. Quecomeceanovaencarnaçãodo jornalismo. ■ jorge tarquini é docente no curso de graduação em jornalismo da ESPM, mestre em comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo e autor dos livros O Doce Veneno do Escorpião – Bruna Surfistinha (Panda Books, 2005) e Vinte Mil Pedras no Caminho (Geração Editorial, 2015). Se o jornalismo fosse ummau negócio, a XP não investiria na criação da plataforma InfoMoney nemo BTG Pactual compraria a Exame REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO
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