Revista de Jornalismo ESPM
12 JULHO | DEZEMBRO 2020 ção de projetos e o contato com as bases sociais. Então, falta neste movimento uma voz mais forte da imprensa. Talvez por isso você não tenha escu- tado ou lidomuito as palavras, con- ceitos e siglas citados no início deste texto. Sabemos da concorrência de conteúdo e da briga pela audiência comas mídias sociais, jogos, aplica- tivos e afins. Porémexiste a necessi- dade de ummaior movimento para as temáticas na imprensa. Será que os veículos acham a sustentabili- dade e o aquecimento global um tema ecochato ou biodesagradá- vel? Ou será que estão vendo este tema somente no prisma ou na edi- toria de meio ambiente? Ah, tam- bém serve para cair no vestibular e no Enem, pois isso é aula de geo- grafia com biologia. Os argumentos colocados até agora neste texto não foram sufi- cientes para relacionar a temática à economia, consumo, estilo de vida, produtos, serviços, empre- sas, macroeconomia, política etc. No Colóquio de Jornalistas da Fundação Ásia Europa, em 2013, realizado em Gurgaon, na Índia, que discutiu o jornalismo para o desenvolvimento sustentável e as reportagens “verdes”, os partici- pantes chegaram a fatores que impactam esta temática. Estes são os principais: 1. Os jornalistas precisamter uma maior compreensão dos princípios de sustentabilidade e ser capa- zes de investigar, de forma inde- pendente, para garantir que eles possam separar o fato da opinião e diferenciar os interesses adqui- ridos. Assim, apresentando a sua própria agenda das reais questões que impactam as comunidades e o meio ambiente. 2. Modelos de negócios na mídia buscamconteúdo popular. Editores e gerentes não veem popularidade em histórias de sustentabilidade. 3. Num ambiente em que cada vez mais os modelos de negócios de mídia estão resistentes, enxu- tos e eficientes, os jornalistas pare- cem ter menos independência edi- torial para fazer as histórias que importam para pessoas em suas vidas diárias. 4. O termo “desenvolvimento sustentável” não é amplamente compreendido, portanto, semo seu aumento no uso e conhecimento popular, fica difícil para transmitir e comunicar seu significado e gerar interesse para o público, repórte- res e editores. 5. A economia é frequentemente discutida isoladamente, sem qual- quer referência à sua interdepen- dência com as questões sociais e ambientais. Como consequência, há pouco discurso social sobre redução da pobreza e melhora do bem-estar humano. Realmente é uma problemática, pois no segundo tópico não se vê a popularidade das histórias de sus- tentabilidade, enquanto o item 4 não é compreendido amplamente e possui conhecimento popular. Ou seja, é uma espiral negativa de que, se as pessoas não conhecem, então, não vamos publicar, e assim as pes- soas continuam não conhecendo. No nosso país, esta temática acaba sempre nas questões liga- das aos resíduos (lixo), florestas ou água. Muitas vezes, em sala de aula, os alunos e alunas não entendem por que têm uma matéria inteira sobre estes temas e ao longo das aulas entendem a importância da matéria e das temáticas superne- cessárias para debatermos a con- tinuidade dos seres humanos em relação ao meio ambiente e à eco- nomia atual. Não posso também generalizar, e tenho que creditar e parabeni- zar alguns grandes veículos do país ( jornais e revistas) que pos- suem editorias e equipes de jor- nalistas para as temáticas – pou- cas, mas existem. Muitas vezes não “Educação em jornalismo é um dos domínios-chave em que uma conexão epistemológica e pedagógica é montada entre a mídia livre, pluralista e independente mais o desenvolvimento sustentável”
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