Revista de Jornalismo ESPM
26 JULHO | DEZEMBRO 2020 por jenni monet já eranoitequando joneagle, historiador da tribo StandingRock Sioux, conseguiu falar emuma audiência pública da Comissão de Serviços Públi- cos do estado americano de Dakota do Norte, emnovembro de 2019. Três anos haviampassado desde os protestos contra o oleoduto Dakota Access Pipeline (DAPL). E, embora a vida na reserva tivesse voltado a uma certa normalidade, o temor de que o petróleo ainda podia causar estrago con- tinuava pairando no ar. “Seguimos aqui, um povo antigo, profundamente ligado a nossa natureza, profundamente ligado a essa terra, a essa água, a esse planeta”, disse Eagle. A sessão, na pacata comunidade rural de Linton, definiria se o volume de óleo cru dos campos de Bakken transportado pelo DAPL subiria para 1,1 milhão de barris por dia – o dobro do fluxo previsto no projeto original do oleoduto. Cerca de 400 quilômetros ao norte, no município de Edin- burg, vazava óleo do rompimento em outro oleoduto. Sentada no auditório, eu anotava tudo. Ao longo de dez horas, dirigen- tes da empresa de energia asseveraramàs autoridades que a expansão pro- posta era segura. Um grupo de indígenas que defendiam a água – muitos dos quais tinham pegado um ônibus às 5 da manhã para estar lá – espe- rava sua vez de falar. Eagle foi o primeiromembro de umpovo indígena que as autoridades de energia de Dakota do Norte ouviam naquele dia. John Pretty Bear, verea- dor da tribo StandingRock, foi o segundo. “Desde que o oleoduto entrou em operação, nossa comunidade vemvivendo diariamente omedo de umvaza- Tragédias anunciadas A estreita relação existente entre a invisibilidade e a violência contra os povos indígenas e o estrago imposto ao planeta! ILUSTRAÇÃO: SONIA PULIDO
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