Revista de Jornalismo ESPM

38 JULHO | DEZEMBRO 2020 por mary cuddehe em princípio, o furacão harvey não parecia tão mau assim. Durante a temporada de furacões no Atlântico Norte, que vai de junho a novembro, umameia dúzia de tempestades que se formamna bacia doAtlântico jamais toca o solo. EmHouston, no Texas, o IntegratedWarning Teamda cidade – umpequeno grupode emissoras deTVe rádio, autoridades locais, órgãos de emergências e funcionários do serviçonacional demeteorologia, oNational Weather Service – ficou atento, mas seguiu tranquilo. Na era da mudança climática, no entanto, padrões podem mudar inesperadamente e, em ins- tantes, provocar tragédias de proporções inéditas. Muito depende da capa- cidade de prever o tempo – e de reagir rapidamente caso o pior aconteça. Em 23 de agosto de 2017, o Harvey se intensificou na baía de Campeche, no Golfo doMéxico. Como é de praxe, meteorologistas que monitoravam a rota do furacão se atualizavam com dados do escritório regional do Natio- nalWeather Service e de sistemas demodelagemde outros países, trocando informações com colegas e equipes de emergência em grupos de discus- são fechados. A meta era transmitir ao público uma mensagem uniforme. Àquela altura, estava claro que o que a princípio não parecera nada muito ameaçador virara algo absolutamentemedonho: ventos demais de 200qui- lômetros por hora e volume de chuva de 1.100milímetros emumremoinho que rumava para a costa central do Texas. “O incrível do Harvey foi a rapi- dez comque ganhou força àmedida que se aproximava da terra”, avalia Jor- danGerth, especialista emmeteorologia doCentrodeCiência eEngenharia Tempo fechado, sujeito a raios e trovoadas! Confira os bastidores da batalha entre os meteorologistas e a tecnologia 5G ILUSTRAÇÕES: JON HAN Espaciais da University of Wiscon- sin–Madison. O National Weather Service deu o alerta de furacão e o Texasdecretouestadodeemergência em30condados.Moradores de loca- lidades costeirasmal tiveram tempo de fugir antes que a água invadisse as casas. Muitos conseguiram escapar, mas 68 pessoas morreram. A arquitetura da previsão – os sis- temas de alerta que alimentam apli- cativos meteorológicos e a previsão do tempona televisão–ébaseadaem fontes de informações públicas. Para coletar dados meteorológicos e cli- máticos essenciais, agências de pes- quisa do governo americano contam comuma frota de balõesmeteoroló- gicos, aviõesquemonitoramfuracões e satélites emórbita polar equipados comsensoresdemicro-ondas(instru- mentosaltamentesensíveis)quecap- tam vibrações da molécula de vapor de água na atmosfera. Observar esse vapor de água é espiar o futuro da atmosfera. O vapor de água é detectável por sistemas de monitoramento meteo- rológico à frequência de 23,8 GHz (gigahertz)noespectroeletromagné- tico–queo leitor lembrará, das aulas de física, como o diagrama que tra- ziauma linhadeondasquecomeçam grandes e vão ficandomenores, indi- cando que a frequência está indo de baixa a alta. O espectro mede ondas de energia, a maioria delas invisível ao olho humano. Essas ondas via- jam à velocidade constante da luz e são medidas em cristas e vales; o número de cristas que passam por umdeterminado ponto no intervalo deumsegundodetermina a frequên- cia;umaondaporsegundoéumhertz. Aenergia eletromagnética nosman-

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