Revista de Jornalismo ESPM

42 JULHO | DEZEMBRO 2020 mento da atmosfera?”. Monitorarovapordeáguaéfunda- mental,também,paraalertaropúblico em caso de um furacão. “Entender ciclones tropicaisdepende, emparte, dacapacidadede saber aquantaumi- dadeumatempestadetemacesso,pois a umidade do ambiente ao redor da tempestadevai determinar ovolume de chuvaque cairá eproduzirá inun- dações”, explica Gerth. A NOAA descobriu que a redu- ção de dados sobre o vapor de água poderia encurtar a projeção de fura- cões emdoisou trêsdias, sendoquea perda de dados seriamais aguda em grandes centros urbanos com uso pesadode redes semfio. A implanta- çãodo 5Gpoderia ter impactoparti- cularmente sério emumlugar como a Grande Houston, que abriga cerca desetemilhõesdepessoas. Paracoor- denadores de emergências e emisso- ras no Texas tentando administrar o próximoHarvey, issopode significar dois ou três dias amenos para orien- tar apopulação aproteger casas com tapumes, comprar comida e água ou abandonar a zona costeira.Morado- res do litoral podemficar ilhados, na rotada tempestade, semtempohábil para escapar. Pegue uma estrada saindo da cidade. Até cerca de 30 quilômetros, provavelmenteaindavai darparasin- tonizar sua estaçãode rádio favorita. Já se levar o laptop para o quintal, é provável que não consiga se conec- tar ao wi-fi. É assim que funciona a propagação no espectro: ondas de rádio (sinais que viajam a uma fre- quênciamenoreumapotênciamaior do que o wi-fi) chegam mais longe. Para empresas de comunicação sem fio, transmitir em faixas inferiores significa que não é preciso ter tantos transmissoresparaadifusãodosinal. Sóqueessas faixasestãosaturadas; as superiores, não. Todo aquele espaço inexplorado no greenfield significa que operadoras de celular, munidas denovas tecnologias para aproveitá- -lo, podemacessar grandes blocosde espectro, garantindo a transmissão de mais dados a velocidades maio- res. “A faixa tinha capacidade para permitir uma velocidade realmente boaeera inferioràdeoutrabandaalta no espectro que estávamos conside- rando”, compara um funcionário da FCC. “Estava desocupada.” A tempestade perfeita Não estava, é claro. Em depoimen- tos separados ao Congresso ameri- cano, os chefes da NOAA e da Nasa declararamque a implantaçãodo5G no greenfield , semlimites adequados para garantir a detecção do sinal do vapor de água por sensores, coloca- ria em risco a coleta de dados sobre o tempo e o clima. Segundo Neil Jacobs, chefe inte- rino da NOAA, isso poderia fazer a previsão do tempo retroceder algo como 40 anos, para uma era na qual meteorologistas raramente podiam prever grandes temporais commais de três dias de antecedência. Seria lamentável, pois para che- gar ao ponto atual demorou muito. O programa meteorológico ameri- cano remonta aos tempos dos Foun- dingFathers, os fundadoresdanação. Thomas Jeffersonusavadois termô- metros tododiaparamedir a tempe- ratura logo ao alvorecer e mantinha umdiário do tempo no qual anotava seocéuestavaabertoounublado.No iníciodo século20, começarama ser usadososinstrumentosfundamentais da moderna previsão do tempo. Foi quandoogovernoamericanopassou a usar aviões para estudar a atmos- fera, a lançar balões meteorológicos e a transmitir informaçõespormeios sem fio. A evolução mais expressiva do séculoveio em1960, como lança- A implantação do 5G poderia ter impacto sério em um lugar como a Grande Houston na prevenção de furações como o Harvey de 2017 FOTOS: SHUTTERSTOCK

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