Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 43 mentodoprimeiro satélitede obser- vação da Terra, oTIROS-1, de órbita polar.Nasdécadas seguintes, avanços nasondagematmosférica–meiopelo qual cientistas analisam moléculas vibrando emdistintas altitudes para medir a temperatura e a umidade atmosféricas – tornaram possível o mapeamento do clima global. Atualmente, satélites em órbita polar equipados com sensores de micro-ondas circundam os polos enquanto a Terra gira no sentido antihorário, registrando imagensque medem porções da atmosfera. Em umúnico dia, umsatélite pode orbi- tar o planeta 14 vezes. Dados cole- tados durante esses voos compõem um retrato completo do globo e são inseridos emcomplexos sistemas de modelagem computadorizada que geram as projeções que chamamos de previsão do tempo. Édifícil saber onúmeroexatode satélites america- nosequipadoscomsensoresdemicro- -ondas, pois nãohá uma agência que centralize sua gestão e instrumentos de observação usados por satélites meteorológicos variam conforme o equipamento. A NOAA possui oito comsensoresdemicro-ondaseopera outrosdezemparceriacomaEuropa, o Japão e oDepartamentodeDefesa americano. A Nasa tem pelo menos dois. Fora isso, há dezenas de satéli- tes privados em operação. Rastrearomovimentodovaporde águaéumadasprincipaisfunçõesdes- ses satélites e nãohá qualquer ajuste de sinal que possa ser feitopara con- tornar a introdução do 5G. Devido à forma como a molécula de vapor de água é observada, é impossível igno- rar a potencial estática de, digamos, torres de celular transmitindo sinais emcidadespopulosas. “Nãoécomoa interferênciana transmissãoemuma velhaTVempreto e branco, quando ficava só aquele chuvisco”, assegura RenéeLeducClarke, especialista em gestãodesatélitesediretordaconsul- toriameteorológicaNarayanStrategy, no distrito federal dos Estados Uni- dos. “Quando há interferência nes- sas situações, os dados ainda pare- cemdados, emboranão sejamcorre- tos. Daí estarmos tão preocupados.” ONationalWeather Service é, por ora, o repositóriocentral de informa- ções meteorológicas do país e o res- ponsável por soltar alertas de emer- gência. O sistema americano é his- toricamente descentralizado e defi- ciente e só há pouco oNationalWea- ther Service modernizou o software demodelagemparacompetirmelhor com rivais na Europa, Reino Unido e Canadá na projeção da rota de tempestades. Nahoradedar aprevisãodiáriado tempo,meteorologistasprecisamficar atentosauma levademodelosglobais eregionaisecomputar, ainda, otraba- lhode empresas privadas que fazem oprocessamentopesadode informa- ções – em especial a Weather Com- pany, uma subsidiária da IBM, e sua concorrente, aBaronServices. Essas empresasrecebemenormes fluxosde dados continuamente atualizados, usandoalgoritmosexclusivospara fil- trar toda essa informação eproduzir imagens prontas para uso por emis- soras deTV. Quase toda emissora no país dependedessas ferramentas. Se reunidas em uma tela, todas as dis- tintas previsões feitas mundo afora pareceriamfios de espaguete tremu- lando sobre uma aquarela melancó- lica. A meta é depurar esses fios em uma gama de probabilidades. Não é fácil. Semanas depois do furacão Katrina, em 2005, Houston soltou ordens de evacuação para a chegada do furacão Rita, outra tem- pestade violenta que deveria atingir a costa do golfo. O êxodo provocou um congestionamento que durou dois dias sob temperaturas altíssi- Oque parecia inofencivo virou umremoinho comventos demais de 200km/h e volume de chuva de 1.100mmque destruiu parte do Texas FOTOS: SHUTTERSTOCK

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTY1