Revista de Jornalismo ESPM

48 JULHO | DEZEMBRO 2020 gresso americano, em depoimentos e cartas, oque considerava falhasnos estudosdaNOAAedaNasa. Segundo ele, as duas não tinham computado uma sériede fatores técnicos relacio- nados a como o 5G realmente seria implementado. O setor fez eco a esses comentá- rios. Brad Gillen, vice-presidente executivo do CTIA, braço de lobby do setor, postou um texto em um blog acusando o Departamento de Comérciode “enganar” oCongresso e a imprensa. “Ficamos bastante sur- presosde saber queo leilãodeespec- tro do 5G da FCC, em curso, vai sig- nificar que jánão teremos a previsão dotempoparaospróximos setedias”, escreveu, chamando a coisade “uma declaraçãoabsurdasemnenhumfun- damentocientífico”. OCTIAdescar- tou o estudo daNOAAe daNasa por se basear, parcialmente, em proje- ções de umvelho satélite que nunca fora lançado. Segundoa comunidade científica, era tolice.Umanovaversão do satélite tinha, sim, sido lançada. Gerth tuitou: “Caro @CTIA, gosta- ria de apresentar o Advanced Tech- nologyMicrowaveSounder (ATMS), um instrumento verídico em órbita no momento com uma banda sen- sora a 23,8 GHz.” Gerth fechou com a hashtag #FactsMatter. Quando o leilão foi encerrado, em 28demaio, oCTIAdeclarouque era “horadedeixar para trás o surpreen- dente debate sobre normas de inter- ferência”. T-Mobile, AT&T e outras empresasdetelecomunicaçõesentra- ram no processo sabendo que isso vinha sendo discutido e que a UIT instituiria normas que poderiam vir a alterar suas respectivas licenças –o que não impediu nenhuma delas de arrendarfaixasdoespectrode24GHz avaliadas emmais de US$ 2 bilhões. No fim de 2019, a delegação ame- ricana rumou para a Conferência Mundial de Radiocomunicações da UIT, no Egito. Na agenda, estava o debate sobre limites do sinal de 5G. A proposta dos Estados Unidos não só contrariava recomendações dos próprios especialistasdopaís,mas se contrapunha à Organização Meteo- rológica Mundial, que defendia res- trições ainda mais rígidas do que as da Nasa. Os negociadores chegaram a um meio-termo: a guarda padrão seriade -33dBW. Em2027, quandoo 5Gprovavelmente já teriasido imple- mentado em larga escala, passaria a Estudomostra que qualquer emissãomaior do que -58 dBW– limite consideravelmente mais rigoroso do que o proposto pela FCC – teria “efeito adverso” sobre instrumentos meteorológicos SHUTTERSTOCK

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