Revista de Jornalismo ESPM

52 JULHO | DEZEMBRO 2020 dos, patrocínios, bolsas e doações. Nementro aqui nomérito de uma tradição brasileira de jornalismo ambiental anterior a esta geração digital com grandes representantes, especialmente a partir da Conferên- ciaRio92, que inclui Paula Saldanha, Lúcio Flavio Pinto, Dal Marcondes, Randau Marques, André Trigueiro, PaulinaChamorro,DanielaChiarettie orecém-falecidoWashingtonNovaes. São estes alguns nomes emuma lista importante de jornalistas que conse- guiramtrilharespaçonagrandemídia tradicional,mesmoemfacedecortes degastosedepessoal edoespaçores- trito para temas ambientais. A Amazônia, por sua vez, está cheia de histórias que despertam a atençãodomundo emummomento especialmente grave do ponto de vista ambiental e político. A pande- mia deixou exposta a fragilidade do planeta e a sua dependência de um meio ambiente cada vezmenos sau- dável. A pausa de uma longa qua- rentena mostrou que, quando o ser humanoparadecausardanoambien- tal, tudo em volta torna a florescer, frutificar e viver. Ao mesmo tempo, o isolamento permitiu o avanço de atividades ilegais e de depredação da floresta, o que ficou evidenciado em uma fala do ministro brasileiro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, como o “passar a boiada” e “mudar” regras enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19 – como aponta reportagempublicada noG1. Jáomundo, eespecialmenteas flo- restas, vive uma grave crise política ambiental. Umadas economiasmais poderosasdomundo, osEstadosUni- dos, tem ummandatário que nega a mudança climática, enquanto oBra- sil, donode 64,3%do território ama- zônico, é dirigidopor umpresidente quedesconhece os problemas, como fezJairBolsonaronodiscursocitado no começo deste texto e em tantas outras falas dentro e fora do país. Um prisma para analisar tudo “Penso no meio ambiente como um prisma para analisar tudo: ele explica afragilidadeeconômica,aascensãode políticoscomoTrumpeBolsonaro, os aumentosnadepressãoe tudoomais. Ocolapsoestápresenteemtudo”,disse duranteumaparticipaçãono15ºCon- gresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, em setembro, o jornalista britânico JonathanWatts, editorglobaldemeioambientedo The Guardian e idealizador do Rainforest JournalismFund (RJF). “Omeio ambienteprecisa estar em todo o jornal, ao invés de ficar emsua periferia”,frisouWatts,lembrandoque anaturezaimpactaemtodasasesferas davida,desdepolíticaeeconômicaaté as interações sociais, com temas que vão de violência a corrupção e saúde. Nestesentido, o jornalismoambiental nãopodeestarmaissubordinadonem sercolocadoemumsegundonívelnas redações,sendoissomaisclarodoque nunca neste difícil ano de 2020. Em uma reflexão dirigida a jorna- listasbrasileiros,Watts apontou tam- bém os caminhos seguidos pelo The Guardian como um norte inspirador paraamídiaglobal.Ojornalbritânico, fundadoem1821,vemempreendendo mudançasparasetornarmaissusten- tável e transparente, alémdeassumir ocompromissode serneutroemcar- bonoaté2030. Emjaneiro, tornou-se o primeiro grande veículo domundo aproibirpublicidadenassuaspáginas de empresas que extraem combustí- Reportagemfeitapor jornalistas brasileiros independentes ganha repercussão internacional

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