Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 53 veis fósseis, uma resposta ao aque- cimento global e contra o lobby das empresas de petróleo e gás. A decisão do The Guardian – que lembra o posicionamento da mídia contra a indústria do tabaco identifi- cado como uma ameaça à saúde – foi corajosaemtemposcomplicadospara ouniversodamídia,equandoapubli- cidade representa 40%da receita do GuardianMediaGroup. “OGuardian deveseraplaudidoporestemovimento ousado”, comemorouMelEvans, ati- vista sênior do clima do Greenpeace no ReinoUnido, sobre estemarco de tendência na mídia. No fim, a busca porleitoreseassinantescadavezmais engajados e um jornal mais compro- metido comuma emergência global, podeservirdeexemplotambémpara grandes veículos brasileiros. Em2019, TheGuardian játinhafeito ajustesnoseuguiadeestilopararepre- sentar a escala do desafio ambiental que a Terra enfrenta, usando termos como “emergência ou crise climá- tica”nolugarde“mudançaclimática”. Jornalistas emprol do planeta Watts, um dos jornalistas de meio ambientemaisimportantesdomundo, tem sido ativo na busca de recur- sos financeiros, fundamentais para reforçar a construção de um jorna- lismobrasileiro, amazônicoenas flo- restas tropicais. Esse desejo surgiu a partir das suas próprias dificuldades noBrasil, onde trabalhouentre2012e 2017, comocorrespondentedo Guar- dian paraAméricaLatina. “Euqueria fazerummontedehistóriasnaAma- zônia, e propunha algumas pautas, mas meu editor, assim como edito- res de muitos jornais, tinha curiosi- dade sobre aAmazônia, semostrava preocupado, mas sempre respondia que eramuito caro, emuito longe. E isso limita aquantidadeda cobertura queaAmazôniarecebe”, contaWatts. Ummanifestoproduzidopelopor- tal Amazônia Real deixa bem clara a necessidadeapontadaporWattsentre jornalistas brasileiros que cobrem a Amazônia: “Estamos em uma região que,historicamente,recebeumacober- turajornalísticadesigualnosmeiosde comunicação do país, o que a torna invisível ou visível apenas em situa- çõesdegrandes impactosambientais, como ocorreu recentemente com as queimadas. É preciso investimento suficienteparadeslocamentosdasnos- sasequipesdejornalistaspelosexten- sos rios, pelos igarapés, pelasestradas e por via aérea em viagens que che- gama durar muitos dias”. KatiaBrasil eElaízeFarias, funda- dorasdoAmazôniaReal, contamque perderam a conta das pautas derru- badas ou engavetadas na época em que trabalhavam para jornais regio- nais ou nacionais. “Apenas escânda- los ou assuntos ‘exóticos’ rompemo bloqueiodasredações, sediadas local- mente ou a muitos quilômetros da Amazônia.”Comsede emManaus, a agênciapublica reportagens exclusi- vas sobredesmatamento, emergência climática, direitos humanos, confli- tos agrários, tráficodepessoas e cor- rupção. No ano passado, conquistou o “PrêmioRei daEspanha de Jorna- lismo de Meio de Comunicação de MaiorDestaque da Ibero-América”. E foi isso que Watts enxergou: a lacuna existente entre interesse edi- torial, problemas e falta de recur- sos precisava de uma solução. “Pen- sei que, se tivéssemos algum tipo de fundo,issoajudariaajornalistasafazer mais reportagens.Oobjetivoeracon- PatrocinadapeloAmazonRJF,aAmazôniaRealrelataavidanaprincipalflorestasul-americana

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